Arquivos - Página 4

  • D. Fernando Gomes dos Santos: defensor et procurator populi
    v. 45 n. 177 (1985)

    Dedicamos este número da REB a Dom Fernando Gomes dos Santos, Arcebispo de Goiânia no Brasil Central, pelos seus 75 anos de idade e 42 de ministério episcopal. Ele é hoje o decano dos bispos diocesanos brasileiros. Nele queremos homenagear a figura do pastor e do profeta, «defensor et procurator populi», que ao lado de tantos outros tem animado a coragem da Igreja em seu compromisso evangélico para com os pobres e oprimidos.

    Dom Fernando nos faz recordar, seja pela sua figura imponente, seja pelo seu denodo, seja por sua impressionante força de persuasão, os grandes bispos do passado, como Santo Ambrósio, São João Crisóstomo e São Gregário Magno. Há poucos fatos eclesiais dos últimos 30 anos que não venham marcados pela presença de Dom Fernando Gomes. Influenciou na criação da Conferência Nacional dos Bispos, na fundação do Movimento de Educação de Base (MEB), na ereção de Brasília como nova capital, na promoção da Ação Católica numa linha de libertação e na articulação da evangelização que une fé e vida dos pobres. Esteve presente no Vaticano II com notáveis intervenções e em Medellín.

    Quando se abateu a repressão após o golpe de Estado em 1964 foi Dom Fernando um dos primeiros a denunciar a prepotência do modelo econômico explorador dos pobres. Sem violência e sem medo (è o título de um livro seu, de 1982, onde recolhe suas principais intervenções) enfrentou os poderosos. Intuiu claramente onde estava a contradição fundamental que afastava a Igreja do regime militar: «diz-se que a Igreja está contra o Governo. Não è a Igreja que está contra o Governo, é o Governo que está contra o Povo. É claro que a Igreja existe em função do Povo de Deus, sobretudo do povo pobre» — declarou a 27 de setembro de 1981. Já escrevia em março de 591 São Gregório Magno ao subdiácono Pedro: «Os bispos não se imiscuam em controvérsias políticas, salvo em caso de urgência na defesa dos direitos dos pobres» (Ep 1,39a). Esta foi e continua sendo a política evangélica de Dom Fernando: defender os pobres, denunciar seus opressores, animar a caminhada da libertação. Em razão deste compromisso não teme expor-se, ser criticado e até marginalizado por algumas instâncias curiais. Recordemos novamente São Gregório Magno; em sua carta sinodal de fevereiro de 591 dizia da missão do bispo: «constrói certamente um muro de proteção à casa de Israel (Igreja) aquele bispo que, por causa de seu povo, se expõe... Deve sair do esconderijo, opor-se com voz livre aos poderosos deste mundo em defesa do rebanho» (Ep 1,24). Porque Dom Fernando fez tudo isto de forma exemplar queremos agradecer-lhe em nome dos leitores desta revista. Que Deus o conserve na profecia e no pastoreio para a consolidação da Igreja que testemunha a vida no meio dos pobres.

    Frei Leonardo Boff, OFM

    Redator da REB

  • Comentários à Instrução sobre a Teologia da Libertação
    v. 44 n. 176 (1984)

    A Instrução sobre alguns aspectos da Teologia da Libertação teve o mérito de acender vigorosa discussão dentro da Igreja e propiciar um aprofundamento das questões essenciais à missão social da Igreja em contexto de pobreza e opressão. A REB recolhe algumas reações ao documento vaticano. Trata-se de reflexões que procuram resgatar toda a positividade do documento e também chamar a atenção para suas insuficiências e para os aperfeiçoamentos necessários em vista do bem de toda a Igreja. A temática dos pobres é demasiadamente séria para ser resolvida a partir de uma única instância, por alta que seja, na Igreja e na sociedade. São os pobres que nos mostram o Evangelho como boa-notícia de justiça, solidariedade e dignidade de filhos de Deus. A Instrução da Santa Sé promete um novo documento no qual se vai mostrar toda a riqueza desta teologia para a reflexão e para a prática pastoral; os presentes trabalhos devem ser lidos como colaboração das diversas instâncias eclesiais a esta intenção. Por isso acolhemos textos de bispos, teólogos, leigos e da área ecumênica.

    A força desta teologia reside em sua eclesialidade. O decisivo é o fato de que cristãos por causa de sua fé, de que Igrejas por causa da evangelização, estejam se comprometendo com a libertação integral dos oprimidos, ao lado dos próprios oprimidos que se conscientizam, organizam e se empenham nas mudanças necessárias na sociedade. A teologia da libertação procura refletir esta prática eclesial e popular. Sua fonte de inspiração não é o marxismo, mas a fé e a própria prática da Igreja. Por isso na discussão desta teologia não se sentem envolvidos apenas teólogos, mas os próprios pastores e o homem da rua. Até que ponto a Igreja, ao dar-nos Deus, Jesus Cristo em seu mistério e os meios da salvação, também nos dá esperança de um mundo mais justo e fraterno para este mundo, construído à luz dos imperativos do Reino de Deus? Este é o desafio a que quer responder esta teologia, nascida na Igreja latino-americana e hoje difundida por todo o mundo.

    Chamamos atenção para a Crônica Eclesiástica, onde se referem os tópicos principais da convocação do redator desta revista a um encontro com as autoridades doutrinárias da Igreja em Roma, acompanhado pelos Cardeais Dom Paulo Evaristo Arns e Dom Aloísio Lorscheider.

    Frei Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator da REB

  • A Caminhada do Conselho Indigenista Missionário (1972-1984)
    v. 44 n. 175 (1984)

    O colega e hoje bispo-auxiliar de Teófilo Otoni (MG), Dom Frei Fernando Figueiredo, por longos anos professor de patrologia e história dos Dogmas em Petrópolis, mostra excelentemente a Teologia dos Salmos em Santo Agostinho.

    Face à crise do sacramento da penitência, Frei Bernardino Leers, a partir de uma leitura critica da praxe tradicional, apresenta um perfil novo do ministro da reconciliação sacramental. É um estudo que ajuda a encontrar pistas de solução dentro dos parâmetros doutrinais possíveis atualmente.

    Um dos grandes serviços que a Igreja presta evangelicamente é aquele na promoção e defesa da vida dos indígenas. Seu antigo secretário-geral Pe. Paulo Suess descreve a caminhada do Cimi nos últimos anos.

    Estamos mais e mais nos habituando ao espírito ecumênico. O pastor da Igreja presbiteriana e teólogo Zwinglio Dias nos suscita as principais questões e abre as perspectivas mais promissoras.

    O Prof. Reed E. Nelson descreve analiticamente os níveis de organização pelos quais passa um fenômeno pentecostal, a Congregação Cristã no Brasil. Fornece instrumentos de análise, válidos para fenômenos semelhantes também dentro da Igreja Católica.

    Das Comunicações ressaltamos particularmente três estudos, aquele do Pe. Ricardo Cornwal, sobre os povos indígenas e o novo Código de Direito Canônico, e os dois sobre a prostituição. O Pe. Hugues D’Ans estuda a prostituição como pecado social e sua incidência na juventude e o Pe. Teodoro Rohmer mostra a evolução dos comportamentos da Igreja face a este fenômeno desafiante para a compreensão e a moral. Ambos os autores militam neste tipo de pastoral.

    Da Documentação se publicam as principais peças de cassação da “missio canonica” de Fr. Clodovis Boff, da PUC do Rio de Janeiro, por parte do Cardeal Dom Eugênio de Araújo Sales. O leitor poderá fazer-se um juízo isento sobre os méritos da medida.

    Chamamos novamente a atenção dos leitores para o rico Suplemento que pode também ser adquirido separadamente — Estudos Bíblicos — dedicado aos Atos.

    A REB deseja aos seus leitores gosto pela leitura teológica que ilumina os caminhos de uma pastoral verdadeiramente evangélica e daí libertadora.

    Frei Leonardo Boff, OFM

    Redator da REB

  • Comunidade e Massa: Desafio da Pastoral Popular
    v. 44 n. 174 (1984)

    Nos primeiros dias de março, perderam sua missio canonica de ensinar teologia na PUC do Rio de janeiro, os professores Frei Antônio Moser (Moral) e Frei Clodovis Boff (Sistemática), sem maiores considerações ao que prescreve a este respeito o documento pontifício Sapientia Christiana. O motivo principal alegado contra Frei Antônio Moser foi o trabalho feito a pedido da Comissão Episcopal de Doutrina e acolhido por ela: Como se faz Teologia Moral no Brasil hoje. Os leitores poder-se-ão fazer um juízo crítico sobre o texto e julgar por si mesmos se tal conteúdo merece tão penosa punição.

    Sumé-Tomé: Sobre a Religiosidade dos índios Brasileiros é uma investigação do já conhecido antropólogo Dirceu Lindoso. Desvenda com sentido critico, nos meandros das lendas, a fusão dos símbolos das religiões pré-colombianas com aqueles cristãos.

    Pedro Ribeiro de Oliveira se distingue como um intelectual bem articulado com a caminhada orgânica da Igreja no Brasil. Aqui apresenta um estudo que ajudará a deslindar uma questão sempre de novo suscitada na prática: como encaminhar a Pastoral Popular com referência à comunidade e à massa?

    Frei Bernardino Leers estudou um século de catequese no Brasil concernente ao sacramento da Reconciliação. Mudam os tempos, as teologias e também as formas catequéticas.

    Fizeram-se muitos estudos sobre o Padre Cícero: poucos, entretanto, estudando a visão dos romeiros. Pe. Henrique E. Groenen apresenta-nos considerações preciosas que significam um desafio para a evangelização popular.

    Dos Comunicados ressaltamos especialmente o trabalho do historiador competente E. Hoornaert, ultimamente criticado de forma injusta e até panfletária por gente da interpretação oficialista da história da Igreja: Missionários italianos no Brasil entre 1700 e 1760. O Pe. Hilário Dick resume sua já longa e provada experiência acerca da Pastoral de juventude no Brasil.

    Por distração da Redação, esqueceu-se de apresentar no Editorial anterior uma nova e importante seção da REB: Estudos Bíblicos. Aí serão apresentados trabalhos exegéticos e ecumênicos feitos a partir da perspectiva do povo e como alargamento do horizonte de sua fé. Serão tiradas também duas mil separatas, pois o material se constitui numa verdadeira revista que, no campo exegético-teológico, inova e enriquece os estudos bíblicos a nível até universal.

    Frei Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator da REB

  • Sofrimento humano e compromisso cristão na América Latina
    v. 44 n. 173 (1984)

    Em outubro de 1983 realizou-se em Itaici (SP) um congresso sul-americano organizado por STAURÓS sobre «O sofrimento humano e a compromisso cristão na América Latina». Reuniram-se cristãos vindos de vários países latino-americanos para, junto com teólogos, pastores, pensadores e militantes cristãos, refletirem sobre as causas e as saídas concretas para o desmesurado sofrimento que padecem as grandes maiorias no nosso Continente. Dentre os participantes ressaltam figuras como Adolfo Pérez Esquivei, lr. Adela Helguera, José Miguez Bonino, Pedro Casaldáliga e Dom Tomás Balduíno.

    A REB se honra em poder publicar as atas deste encontro, com colaborações verdadeiramente preciosas, geralmente nascidas da luta contra o sofrimento injusto imposto a tantos irmãos.

    Dos Comunicados relevamos particularmente o texto do Cardeal Joseph Ratzinger sobre a teologia da libertação de corte «marxista». Dada a autoridade que representa como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Clodovis e Leonardo Boff apreciaram as teses principais desta intervenção, com respeito mas também com vigor. Finalmente se trata de uma causa fundamental do Evangelho, aquela dos pobres e de sua libertação.

    Marcos Piva, jornalista e pedagogo, viveu longo tempo na Nicarágua após o triunfo da revolução. Faz um balanço equilibrado da Revolução Sandinista.

    As reflexões de Francisco Cartaxo Rohm sobre as greves do ABC em 1980 e sua relação com a Igreja guardam ainda atualidade, pois os fatos podem repetir-se com semelhantes condições.

    Chamamos a atenção para o documento final do encontro de teólogos do Primeiro com o Terceiro Mundo, realizado em Genebra nos inícios de 1983: «Como fazer teologia em um mundo dividido».

    Fazemos votos de que este farto material sobre a Cruz de Cristo que se atualiza no sofrimento de nossos irmãos de hoje nos desperte para o compromisso e para uma prática geradora de vida livre e libertadora.

    Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator da REB

  • Lutero entre a Reforma e a Libertação
    v. 43 n. 172 (1983)

    No dia 5 de dezembro Alceu Amoroso Lima completaria 90 anos. Deus chamou-o pouco antes. Antes que uma pessoa, é toda uma geração de cristãos que se sentem herdeiros de seu legado espiritual. Leigos como Luiz Alberto Gómez de Souza de quem publicamos agora algumas páginas altamente sugestivas sobre Tristão de Athayde, ou como Pedro Ribeiro de Oliveira ou Luiz Eduardo Wanderley, prolongam a linha que Alceu tão originalmente cunhou: um pensamento enraizado em nosso processo histórico e uma filtração da experiência humana pela ótica da fé.

    O redator desta revista publica uma conferência proferida numa semana internacional e ecuménica sobre Lutero em Madri em meados de novembro, tentando interrogar as intuições do grande Reformador a partir dos interesses de libertação à luz da fé que os pobres de nosso Continente hoje apresentam. Junto com esta colaboração agradecemos o trabalho original de G. Alberigo, leigo, famoso professor de história da Igreja em Bolonha, que nos traça um quadro para além das controvérsias confessionais sobre o significado de Lutero.

    O artigo de Dom Valfredo Tepe, bispo de Ilhéus, vem enriquecer a compreensão da opção preferencial pelos pobres, tão solenemente assumida pelos bispos em Puebla. Abre perspectivas culturais e eclesiais acerca da chance historicamente possível de uma vida sóbria e austera, geradora de energias humanizadoras.

    Dirceu Lindoso, antropólogo de envergadura, apresenta, numa leitura epistemologicamente bem fundada, o significado da Guerra dos Cabanos (1832-1850); aí aparece a luta dos pobres (especialmente índios e negros) num sentido libertador apesar da ideologia alienante com que foi expressa por eles mesmos.

    É um trabalho de fina análise, onde a antropologia, a epistemologia e a história ajudam a deslindar o significado da luta libertária dos condenados da terra.

    Das Comunicações chamamos a atenção para o texto, muito sugestivo, de Dom José Maria Pires sobre a participação do povo na construção da democracia.

    A REB deseja a seus leitores, para estes tempos maus e de grande tribulação para o povo sofrido, a esperança do Evangelho de Jesus Cristo Libertador. A âncora desta esperança está no céu, onde Jesus penetrou (Hb 6,19). Por isso é firme e sólida.

    Que Deus tenha misericórdia de todos nós.

    Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator da REB

  • O Testemunho Espiritual de Alceu Amoroso Lima
    v. 43 n. 171 (1983)

    A primeira parte da REB homenageia a significação espiritual de Alceu Amoroso Lima (Tristão de Athayde), falecido na Festa da Assunção de Nossa Senhora, dia em que, há 55 anos, se reconvertia ao cristianismo militante. A figura de Alceu é retratada na intimidade espiritual por sua filha, abadessa beneditina em São Paulo, Madre Maria Teresa. Morreu carregado de dias e cheio de graça, sabedoria e santidade.

    A segunda parte oferece vários trabalhos sobre o V Encontro Intereclesial de Comunidades Eclesiais de Base celebrado de 4 a 8 de julho em Canindé, Ceará. Basta ler os materiais para afugentar o fantasma, forjado no Brasil, da Igreja Popular. Descobre-se ai a Igreja inteira procurando viver a comunhão e a missão nos meios populares, sofrendo com as pressões de toda ordem e à luz do Evangelho e da mensagem social do Magistério sendo semente de uma nova sociedade.

    Ressaltamos o estudo de Jacques Vervier e de Herman Vos sobre a pobreza como privilégio ou como desgraça. Unem conhecimentos específicos de economia com uma leitura teológica acurada. Desfazem muitos equívocos, em que incorrem principalmente aqueles que não sabem o que fazer com a opção preferencial da Igreja pelos pobres.

    O conhecido historiador José Oscar Beozzo apresenta-nos, de forma sucinta mas objetiva e apaixonada, a situação do negro na sociedade brasileira.

    Por fim chamamos a atenção dos leitores para as duas recensões acerca do livro de Dom Boaventura Kloppenburg A Igreja Popular, uma de um teólogo e outra de um sociólogo. Tentam desfazer as confusões que este livro, sob a aparência de zelo pela ortodoxia, levantou entre os fiéis.

    A redação desta revista está convencida de que somente a busca humilde unida a uma fé vigorosa, desprovida do desejo mórbido de desmascarar adversários a todo custo, constitui o sinal do verdadeiro teólogo.

    Frei Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator da REB

  • Classe média e opção pelos pobres
    v. 43 n. 170 (1983)

    Verifica-se hoje grande criatividade nas bases da Igreja onde emerge uma expressão original da Igreja que nasce da fé do povo pobre em união com os bispos e os padres que assumiram a causa dos humildes. Verifica-se também dentro do quadro institucional clássico uma vitalização de vários movimentos atingindo especialmente os estratos médios da sociedade. J. Comblin analisa alguns destes movimentos e os desafios que significam para a pastoral da Igreja, particularmente para a figura do bispo. É importante ler este artigo para despertarmos para os valores novos e também as possíveis ameaças.

    Dentre os vários artigos cumpre destacar o da teóloga leiga Maria Clara Lucchetti Bingemer: A pergunta por Deus e a realidade latino-americana. Pertence à riqueza de nossa Igreja o surgimento da reflexão teológica também entre as mulheres comprometidas seriamente com o caminhar da Igreja latino-americana. Saudamos aqui o presente trabalho, sério, bem definido em termos de opção teológica e promissor. Oxalá ela e outras colaborem no aprofundamento da fé a partir da experiência feminina da revelação.

    Um desafio importante se apresenta à Igreja do Brasil: como elaborar uma responsável e critica pastoral dos ricos tendo por base a opção preferencial e solidária com os pobres. Convém consultar a tradição. Um amigo do Brasil e escrevendo em português, professor em Nimega, Leonardo Meulenberg, estudou a pastoral para os ricos em S. João Crisóstomo. Agradecemos esta colaboração tão centrada nas preocupações de nossa Igreja. O mesmo vale para a contribuição de Antônio Alves de Melo sobre o mesmo tema.

    A partir do compromisso dos cristãos pela libertação dos oprimidos relemos e recuperamos as riquezas da tradição. Clodovis Boff leu nesta chave a pastoral de Santo Agostinho. Nele redescobrimos a prática de muitos de nossos irmãos bispos, continuadores do grande Pastor de Hipona.

    Esperamos que a REB continue subministrando material de reflexão e de entusiasmo aos que labutam na imensa seara do Senhor neste país tão abençoado de carismas e dons do Espírito.

    Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator da REB

  • Os 50 anos da JOC
    v. 43 n. 169 (1983)

    A peregrinação do Papa pela América Central se propunha confirmar os irmãos na fé no meio de tremendos conflitos de sangue de morte. Sua palavra foi pastoral e também profética. A Nicarágua é um pais distinto dos demais: o povo conseguiu se libertar de uma ditadura iníqua que custou 50.000 mil mortes. No dia anterior à visita do Papa, na mesma praça da missa pontifícia, se haviam celebrado as cerimônias de sepultamento de 17 jovens trucidados pelos ex-guardas somozistas. O povo esperava palavras de paz e de conforto às mães doloridas. O Papa abordou um tema também conflitivo, aquele das relações difíceis entre um episcopado que se opõe à revolução e de vastos setores da Igreja, especialmente, das comunidades eclesiais de base, que se fazem presentes na reconstrução do país. Houve um lamentável descompasso entre a mensagem expressa pelo Papa e a expectativa dos milhares que enchiam a praça. A frustração da expectativa se traduziu cm gritos até lancinantes: «Santo Padre querido, reze por nossos mortos e por nossos mártires; queremos a paz». Pedro Ribeiro de Oliveira, sociólogo e militante junto ao caminhar das CEBs no Brasil, esteve lá e faz o seu relato. Há a objetividade do analista, mas também a paixão do cristão que sofre pelo descompasso verificado e pela perda de uma irrepetivel oportunidade de se refletir sobre as responsabilidades dos cristãos, particularmente dos leigos, na construção de uma sociedade nova para todos. Agradecemos ao amigo e já conhecido colaborador da REB por sua contribuição lúcida e corajosa.

    Apresentamos dois significativos estudos comemorando dois eventos importantes: os 50 anos da Ação Católica Brasileira e os 100 anos do nascimento de J. Cardijn, fundador da JOC. Como subsídios valiosos para ajuizarmos estes acontecimentos eclesiais, Dom Marcelo Carvalheira, com seu fino senso teológico, nos oferece um estudo sobre a ACB e Scott Mainwaring nos brinda com um alentado estudo sobre a JOC no Brasil.

    Dos Comunicados ressaltamos o estudo minucioso de Gilberto Vi lar de Carvalho sobre o Pe. Ibiapina a propósito de seu centenário. Ele é um dos pais da Igreja que buscou encarnação no meio dos pobres.

    Que Deus nos dê a parrhesia apostólica para viver da verdade contra toda mistificação. Só assim ele nos liberta e nos entrega a boa-nova de Jesus.

    Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator da REB

  • As Bases do Povo de Deus
    v. 42 n. 168 (1982)

    A teologia latino-americana se caracteriza pela articulação estreita entre teologia e prática, concedendo a esta última a hegemonia na condução do pensar teológico. Frei Clodovis Boff se constituiu, nos últimos anos, num dos representantes mais significativos desta orientação: divide seu tempo entre o trabalho concreto nas CEBs do Acre e a reflexão especificamente teológica. Fruto desta feliz combinação é o presente trabalho sobre um encontro das CEBs do Maranhão.

    Frei Bernardino Leers, professor de teologia moral em Belo Horizonte, oferece um bom subsidio ao tema do próximo Sínodo dos Bispos em Roma: Reconciliação e Violência. A inversão que o Autor faz da ordem dos termos possui significação teológica importante.

    A REB apresenta um trabalho vigoroso de um teólogo asiático, D. Preman Niles, sobre o repensamento da teologia da missão em contato com as grandes culturas do Oriente. A visão dominante era eurocêntrica. Aqui se procura pensar a missão asiática a partir da própria Ásia.

    A religiosidade popular constitui um dos eixos da reflexão latino-americana. Ela é reestudada como fonte de resistência e de libertação dos oprimidos. O historiador, sociólogo e teólogo Pe. José Oscar Beozzo nos oferece um breve trabalho, mas muito sugestivo, sobre a religiosidade popular em Jesus e em seus discípulos e sua significação libertadora.

    Os Comunicados recolhem várias contribuições de valor: O centenário da obra salesiana no Brasil; A Igreja nos diferentes modos de produção; Fé cristã e problemas da terra.

    Recomendamos também a leitura do documento de um encontro internacional de Franciscanos de 38 países, realizado em setembro na Suíça. É um esforço de releitura do carisma de São Francisco a partir do Terceiro Mundo.

    Nestes tempos de parcas esperanças, bebamos do mistério da Encarnação aquilo que nos pode devolver a alegria: a presença imediata de Deus em nossa carne oprimida.

    Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator da REB

  • Planejamento Pastoral em Questão
    v. 42 n. 167 (1982)

    Dois artigos sobre espiritualidade abrem as páginas da REB: um de Frei Márcio Teixeira sobre o Deus de São Francisco que é Deus da humildade; outro de Frei Betto sobre a oração como uma exigência (também) política. Este último é sobremaneira útil porque enfrenta e responde a uma série de questionamentos que nascem da pastoral comprometida com os pobres.

    Dom Luís Gonzaga Fernandes é um dos pastores mais beneméritos de toda a Igreja no que se refere à animação das comunidades eclesiais de base, pois foi dele que surgiu a idéia e o permanente acompanhamento dos encontros nacionais e intereclesiais das CEBs que tanta repercussão encontraram. Aqui residem suas principais intuições sobre a génese, dinâmica e perspectiva das CEBs no Brasil.

    O Pe. José Oscar Beozzo retoma com grande coragem o tema do planejamento pastoral, ultimamente posto em discussão em todos os níveis de Igreja.

    A REB quer prestar uma homenagem ao seu antigo Redator Dom Frei Boaventura Kloppenburg. Nada melhor do que republicar um estudo dele ligado diretamente aos desafios que enfrentará em seu campo pastoral: os ritos afro-brasileiros, particularmente a umbanda.

    O juiz de trabalho Dr. José Soares Filho apresenta excelentes reflexões sobre o trabalho à luz da Laborem Exercens. Saudamos aqui a colaboração de um leigo altamente competente nas páginas da REB.

    Nos comunicados ressaltam os temas conjunturais ligados à Igreja e à política, particularmente as minuciosas reflexões do Pe. Rogério Ignácio de Almeida Cunha.

    Que todo este farto material ajude a produzir lucidez tão necessária no emaranhado das questões pastorais.

    Frei Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator da REB

  • Igreja: Carisma e Poder
    v. 42 n. 166 (1982)

    Não é do feitio da REB estabelecer em suas páginas polêmicas teológicas. Muitas vezes elas ocultam não mais que vaidade dos contendores com parco proveito pastoral para os leitores. Apesar disto, desta vez fizemos uma exceção. Publicam-se dois trabalhos — um do redator desta revista e outro do teólogo Carlos Palacio SJ — a propósito dos ataques recentes ao livro de minha autoria, Igreja: carisma e poder (Petrópolis 1981). A resposta se fez necessária devido à orquestração que se fez, abandonando o campo estritamente da teologia e envolvendo as instâncias doutrinárias da Igreja. Apesar deste contexto, tanto eu quanto o Prof. Palacio tentamos elevar o debate. Mais que defender opiniões, procurou-se pensar os problemas em questão. O leitor certamente apreciará os aprofundamentos que aqui se apresentam. É sugestivo o título do artigo do Prof. Palacio: Da Polêmica ao Debate Teológico.

    Os Estados modernos se governam por uma constituição. Recentemente a Igreja está preparando algo semelhante para ela mesma, uma Lei Fundamental. O confrade Prof. Heinz-Meinolf Stamm, de Roma, traça um paralelo interessante entre algumas constituições modernas e o projeto em discussão da Igreja.

    Está em curso no Brasil um comentário popular da Bíblia. O Pe. Comblin, tão ligado a tantas iniciativas novas de nossa Igreja, propõe critérios úteis para tal empreendimento.

    Neste contexto é interessante ler as ponderações críticas e verdadeiramente orientadoras de A. Antoniazzi sobre qual é a melhor tradução da Bíblia entre as tantas que circulam no Brasil.

    Oscar Beozzo, com sua conhecida experiência no campo, situa para os leitores a quantas anda a Pastoral Universitária no Brasil.

    Oxalá o debate produza luz e esta luz seja criadora!

    Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator da REB

  • Eclesiologia latino-americana
    v. 42 n. 165 (1982)

    O primeiro artigo, do redator da REB Frei Leonardo Boff, serve de meditação para o tempo pascal. O mistério pascal não apenas define a trajetória de Jesus Cristo, mas estrutura também nossa própria existência.

    Frei Mateus Rocha, provincial dos dominicanos, nos apresenta uma bela reflexão sobre o seguimento de Jesus Cristo. Para os evangelhos, seguir Jesus era sinónimo de crer nele. O seguimento implica uma comunhão de vida e de destino com o Mestre. Este estudo fornece as bases para uma bem fundada espiritualidade de libertação e de compromisso.

    O Prof. Francisco Cartaxo Rolim é um dos melhores conhecedores das religiões populares do Brasil. Mostra bem a articulação que elas possuem com a pobreza e o tipo de desempenho que organizam com a sociedade.

    Victor Codina é um dos bons eclesiólogos novos espanhóis que divide sua atividade entre a América Latina e a Espanha. Publicamos este estudo, pensando especialmente naqueles que estão interessados numa visão de conjunto bem documentada e séria que evite as deformações e até difamações que vêm de certos setores eclesiásticos ligados à atual direção do CELAM.

    O estudo de Pe. Hubert Lepargneur é particularmente interessante por mostrar as causas do desrespeito à vida do nascituro nas sociedades modernas.

    Os Comunicados oferecem farto material de informação e reflexão. Destacamos o trabalho do Irmão Michel, da comunidade de Taizé, que mostra as comunidades de base como bom fruto da colaboração entre a classe dos pobres e a classe média. Rogério I. Almeida Cunha nos apresenta um excelente roteiro de estudo do tema: Teologia da libertação e pedagogia libertadora.

    Que o mistério pascal reanime em nós a vontade de seguimento do Cristo que confere um sentido de ressurreição a todos os esforços e sacrifícios exigidos pela caminhada de redenção e de libertação.

    Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator da REB

  • Por que os oprimidos optam pela Igreja?
    v. 41 n. 164 (1981)

    O presente número da REB reúne vários estudos apreciando a caminhada das comunidades eclesiais de base como se mostrou no IV Encontro celebrado em abril do corrente ano em Itaici-SP. O fenômeno das CEBs é muito complexo exigindo distintas abordagens a partir de várias ciências. Efetivamente entre os assessores estavam além de teólogos e biblistas, sociólogos, politólogos, pedagogos, antropólogos e outros.

    Encontramos nas páginas da revista suas apreciações, dentro de um espírito crítico que ajuda a caminhada e, ao mesmo tempo, de profundo engajamento pela causa da libertação integral que ocorre nas CEBs. Além da ciência, existe nos analistas fé e compromisso pessoal com esta Igreja que nasce da fé do povo oprimido. Não existe quase nos membros das comunidades eclesiais de base alergia ao conhecimento teórico. Ao contrário, nota-se grande fome de saber como exigência dos desafios e das práticas. Por isso estimam sobremaneira aqueles intelectuais que entram em sua caminhada. O aprendizado mútuo é extremamente frutuoso, como se pode constatar no teor destes estudos.

    Em função do tema geral, publicamos também duas outras colaborações, uma de Frei Clodovis Boff sobre a Igreja Popular, fruto de um encontro com as bases na diocese de Crateús, e outra de Francisco C. Rolim sobre a Religião do Pobre e seu Anúncio, resultado de largos anos de pesquisa da mente popular com suas categorias próprias.

    Nos comunicados chamamos especial atenção para o trabalho de José Comblin sobre o debate teológico entre neo-conservadores e liberais na Europa e suas implicações para a teologia latino-americana. Com coragem desmascara os laivos de conspiração que presidem a este debate e alerta para os equívocos que pode trazer para a nossa realidade.

    Que o Natal seja uma oportunidade a mais para refletirmos sobre a profunda simpatia de Deus para com os homens, especialmente, para com os pequenos e pobres que privilegiou com a assunção de seus estigmas.

    Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator da REB

  • D. Helder, irmão dos pobres
    v. 41 n. 163 (1981)

    Todo este número da REB quer ser uma homenagem a Dom Hélder Câmara, Arcebispo de Olinda e Recife, pelos seus 50 anos de vida sacerdotal. É por causa de seu carisma que os pobres puderam ouvir de novo a bem-aventurança de Jesus dirigida a eles. Dom Hélder está na raiz do evangelismo que pervade grande parte de nossas Igrejas. Sua presença produz aquilo que o Evangelho produz: coragem de ser, alegria, sensação de liberdade reconquistada. E como no Evangelho, tais valores assustam a pagãos e a tantos companheiros de caminhada. Para muitíssimos cristãos do mundo inteiro e para o redator desta revista ele é o nosso cardeal «in pectore». Só assim, pensamos, a causa dos direitos dos pobres, a opção por sua libertação integral e por uma Igreja que se refaz a partir da fé dos humildes da terra ganham sua plena consagração.

    Dos artigos ressaltamos dois especialmente valiosos: o de Clodovis Boff sobre Santo Tomás de Aquino e a teologia da libertação e o do Pe. Antônio da Silva Pereira sobre a Participação dos fiéis nas decisões da Igreja. O primeiro deixa claro como toda verdadeira teologia – como aquela de Tomás – é sempre libertadora porque lança suas raízes na concretude de seu tempo, apanhando-lhe os desafios essenciais e confrontando-os com as exigências do Evangelho. O que resulta é sempre um passo no caminho da grande libertação. O segundo fornece a justificação teórico-teológica a tantas práticas de nossas Igrejas nas bases, onde o povo participante deixa de ser massa de fregueses e se constitui em Povo de Deus.

    Não deixa de ser também importante a contribuição do Pe. Valério Alberton sobre a atual posição do Magistério com referência à Maçonaria.

    Que Dom Hélder Câmara continue a confirmar os irmãos no compromisso de libertação, firmado e iluminado pelo Evangelho de Jesus Cristo que ele, por sua vida e prática, torna acreditável aos homens de hoje.

    Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator da REB

  • CEBs: Povo de Deus que se Organiza
    v. 41 n. 162 (1981)

    O secretário executivo do CIMI, Paulo Suess, nos oferece um estudo profundo e necessário sobre os pressupostos para uma pastoral inculturada de libertação na perspectiva das culturas indígenas brasileiras. Certamente é o primeiro que propõe uma real alternativa seja ao populismo indigenista, seja ao integracionismo oficial, nos termos de uma evangelização libertadora. Vale a pena ler este trabalho.

    O Prof. Francisco Taborda SJ apresenta um trabalho de longo alcance teórico sobre o conceito de práxis. Trabalha-o num sentido que o torna instrumento útil para a teologia interessada nas mudanças sócio-históricas.

    O IV Encontro Intereclesial das comunidades eclesiais de base realizado de 20-24 de abril em Itaici-SP constituiu um evento da maior importância: uma Igreja está verdadeiramente nascendo da fé do povo que se organiza para a libertação. O teólogo J. B. Libânio SJ, assessor deste movimento ao nível nacional, nos oferece um relatório minucioso mesclado de excelentes reflexões teológicos.

    O redator da REB Frei Leonardo Boff prolonga as reflexões de Libânio e apresenta um apanhado sucinto dos ternas- eixos que se firmaram no encontro das comunidades eclesiais de base em Itaici.

    Um dos grandes desafios atuais que se propõe à Igreja encarnada nos meios populares é a formação dos presbíteros adequada a esta nova realidade. O Pe. José Comblin, assíduo colaborador desta revista, enfrenta com coragem o problema. Comblin já se encontra novamente no Brasil ajudando a reflexão da fé em termos de compromisso libertador. Saudamos com viva alegria o regresso deste eminente teólogo que como poucos ama este país e lhe auguramos um trabalho frutuoso em nossa Igreja, pois dele todos aprendemos muito.

    A REB deseja aos seus leitores bons frutos do aprendizado destes estudos que enriquecem a tradição do pensamento teológico brasileiro.

    Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator da REB

  • O Lugar da Saúde na Cultura Atual
    v. 41 n. 161 (1981)

    A REB completou já seus quarenta anos, tempo suficiente para comprovar a maturidade deste empreendimento teológico e eclesial a serviço da reflexão e da vida da fé.

    Frei Simão Voigt, professor de Exegese do NT no Instituto Teológico-Filosófico de Petrópolis, nos brinda com uma investigação de longo alcance e grande acribia. Apresenta uma exegese original de Rm 5,14 e assim fornece aos teólogos sistemáticos uma prova escriturística cabal sobre o pecado original. Aguardamos com ansiedade outros textos deste estudioso, dos mais bem preparados deste país.

    A Campanha da Fraternidade deste ano tem como tema «Saúde para todos». O Pe. H. Lepargneur nos oferece um valioso subsídio: «Síntese sobre o lugar da saúde na cultura atual».

    Em novembro e dezembro o redator desta revista, Frei Leonardo Boff, teve a oportunidade de passar na Diocese do Acre e Purus e participar no movimento das comunidades eclesiais de base. O que aqui se publica é um diário teológico onde se põe a descoberto, como numa confissão, os passos e descompassos da reflexão teológica em contacto com o continente dos pobres. Desde Agostinho este gênero possui cidadania teológica.

    Dos comunicados ressaltamos a pesquisa de Francisco C. Rolim sobre a «Génese do Pentecostalismo no Brasil». Rolim é um conhecido especialista com investigação de campo e séria reflexão.

    O Pe. Francisco de Assis Correia fornece também subsídios à campanha da Fraternidade com o seu estudo sobre a «Humanização das estruturas hospitalares».

    Não queremos olvidar a nova Mesa da Palavra. Aí há uma verdadeira mina de materiais litúrgico-catequéticos para as comunidades e outros grupos.

    A REB deseja uma renovada esperança por ocasião da Páscoa. Os dias são difíceis para o povo. Mas herdamos a força do Crucificado que é o Senhor da vida.

    Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator da REB

  • Redistribuir a Renda é Optar pelos Pobres?
    v. 40 n. 160 (1980)

    A Revista Eclesiástica Brasileira sempre pautou sua orientação teológico-pastoral à luz dos grandes marcos traçados pela Igreja no Brasil, pelas decisões maiores do Episcopado Latino-americano e pela referência ao centro de unidade que está em Roma. O presente número entrega aos leitores rico material de reflexão e de sugestões práticas.

    Frei Clodovis Boff, que passa meio ano na Universidade e meio ano na selva amazônica, elabora uma bem fundada reflexão sobre as práticas libertárias das comunidades eclesiais de base; tudo é feito sob o signo teologia-vida.

    Na mesma linha oferece-nos o Pe. José Comblin uma extraordinária reflexão-relato sobre o novo ministério que o Espirito está fazendo surgir no meio do povo de Deus, aquele do missionário leigo.

    Há muitos problemas envolvidos na opção preferencial pelos pobres, especialmente em termos de sua implementação por parte das classes beneficiadas. Os professores H. Vos e J. Vervier aprofundam um aspecto sob a questão: Redistribuir a renda é optar pelos pobres?

    Frei Antônio Moser prolonga as reflexões anteriormente publicadas nesta revista sobre os desafios da teologia do pecado. Visa atualizar os leitores no emaranhado dos publicações e questões.

    A professora Ecléa Bosi, da Universidade de S. Paulo, profundamente comprometida no empenho pelos direitos humanos e com o mundo do trabalho, nos apresenta excelente estudo sobre Simone Weil e a condição operária, aquela famosa filósofa judia francesa que sacrificou sua vida na identificação com a paixão dos trabalhadores mais explorados.

    Dos Comunicados ressaltamos, de modo particular, o estudo do Pe. Beni dos Santos sobre a libertação da mulher e fé e aquele em homenagem ao grande editor rio-grandense Frei Rovilio Costa por ocasião do milésimo texto por ele lançado.

    Chamamos a atenção especial dos leitores para o conteúdo novo de A Mesa da Palavra. O Pe. J. Konings e sua equipe nos oferece bons subsídios para a catequese, tirados da liturgia dominical. Trata-se de material útil para reunião de grupos de aprofundamento da fé, catequese para jovens, preparação para a missa e para o sermão e outros meios.

    Frei Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator da REB

  • Balanço da Visita do Papa
    v. 40 n. 159 (1980)

    Todo o presente número da REB é dedicado a avaliar a visita do Papa João Paulo II ao Brasil nos memoráveis dias de julho. O fato não tem apenas relevância eclesial. Repercutiu no social, no ideológico, no político, na alma de todo o povo. As presentes análises, embora sucintas e feitas ainda sob o impacto do acontecimento, procuram guardar a suficiente distância e altura para poder ver claro e avaliar corretamente.

    Foram convidadas distintas pessoas de distintos lugares sociais e eclesiais para, na medida do possível, colhermos um número significativo de apreciações.

    Num ponto todos são unânimes: o centro da mensagem papal foi a figura do próprio Papa. O discurso dos símbolos e das imagens possui mais força de penetração e de convencimento do que qualquer outro. E João Paulo II usou prodigamente deste veículo. Ele ficará na memória de toda a nossa geração como um homem profundamente religioso e ao mesmo tempo comprometido com os pobres e sua justiça, humano, sensível aos sentimentos do povo, cordialíssimo e ao mesmo tempo fiel à grande Tradição e ao irrenunciável da identidade religiosa da fé cristã.

    Sua passagem entre nós trouxe os bons frutos do Evangelho: alegria de ser, esperança contra todas as esperanças, confiança na fraternidade sempre possível entre os homens e sabor de Deus que ama entranhadamente a cada homem.

    A REB bem como todos os brasileiros somos agradecidos ao Pastor e Irmão maior de nossa fé e esperança, confirmando-nos no seguimento das pegadas santíssimas de Nosso Senhor Jesus Cristo.

    Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator da REB

  • Agente de Pastoral e Povo
    v. 40 n. 158 (1980)

    Como pode um cristão de classe média ou um intelectual viver a opção de toda a Igreja pelos pobres? Pedro Ribeiro de Oliveira, sociólogo da religião com clara definição eclesial, responde a esta incomoda questão. Certamente irá ajudar a muitos.

    Um dos temas fundamentais colocados pelas práticas novas da Igreja é aquele da relação entre o agente de pastoral e povo. Frei Clodovis Boff faz uma reflexão muito pertinente, nascida de sua própria prática de teólogo e de animador de comunidades eclesiais, acentuando de modo particular o pólo que vai do povo ao agente de pastoral. O povo tem muito a ensinar.

    Rogério de Almeida Cunha, profundo conhecedor de Paulo Freire, nos dá sucintamente as implicações daquilo que significa a consciência crítica.

    A moral seja talvez o campo da teologia onde ocorrem as mais profundas mudanças. Frei Antônio Moser, destacado moralista brasileiro, tenta situar onde estão as novas inquietações da teologia moral.

    No mês de julho celebramos o Congresso Eucarístico Nacional em Fortaleza. O Prof. Bruno Forte, de Nápoles e amigo de nossa revista, nos ofereceu uma reflexão que vem ao encontro deste evento: Eucaristia e Evangelização.

    João Paulo II nos visita e estreita assim as relações entre a Santa Sé e a Igreja no Brasil. Frei Oscar de Figueiredo Lustosa nos apresenta bem documentado estudo sobre Pio IX e o Catolicismo no Brasil, mostrando os inícios do processo chamado pelos historiadores de «romanização» de nosso catolicismo popular.

    Nos Comunicados se oferece farto material de estudo e reflexão sobre família, sobre o papel da Igreja durante e após a revolução cubana, sobre um sermão do famoso Frei Caneca e finalmente um trabalho do conhecido Eduardo Hoornaert acerca do significado histórico do ciclo missionário carmelitano na Amazônia.

    Nos dias em que esta revista for entregue aos nossos leitores, estará em nosso meio o Papa João Paulo II. Dedicaremos todo o número de setembro a analisar a relevância de sua visita ao nosso país. Enquanto isto, a REB o saúda como o Pedro entre nós, animando e fortificando nossa fé em Jesus Salvador.

    Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator da REB

  • Teologia e Povo
    v. 40 n. 157 (1980)

    Todas as contribuições do presente número se situam no marco típico da reflexão latino-americana: fazer teologia sobre a realidade social, decifrada por um instrumentário analítico adequado.

    O primeiro artigo, do professor de exegese em Porto Alegre Johan Konings, situa bem o problema da Hermenêutica bíblica e sua articulação com a teologia da libertação. Visa superar tanto o paralelismo quanto o reducionismo e sugere pistas para uma correta articulação.

    Frei Clodovis Boff nos entrega o fruto de uma feliz combinação em sua atividade teológica, ora passando 6 meses no ensino e pesquisa teológicos, ora trabalhando os outros seis meses diretamente na pastoral popular na região amazônica. O trabalho A Igreja, o poder e o povo prima pela concreção e pela metodologia mediante a qual se monta um discurso rigoroso e ao mesmo tempo prático sobre questões pastorais, políticas e populares. Esta contribuição é exemplar para o novo caminho de nossa teologia.

    Mais e mais leigos e intelectuais se articulam organicamente com a base da Igreja e da sociedade. O sociólogo Alder Júlio Ferreira Calado reflete sobre O contexto estrutural, a Palavra de Deus e a ação das/nas bases, na diocese de Pesqueira. Novamente se mostra a validade do método de articulação entre visão sócio-analítica e visão de fé.

    Há tempos chorávamos a morte prematura de uma notável vocação teológica e pastoral na pessoa de Martien Groetelaars, holandês que entregou sua vida à Igreja de Fortaleza. Post mortem, publicamos a segunda parte e última sobre uma questão importante em nossa pastoral popular: Casamento natural, casamento-sacramento e religiosidade popular. Na casa do Pai onde agora goza do Reino, lhe rogamos luzes para a caminhada da Igreja do povo que ele tanto amou.

    Luiz Alberto Gómez de Souza a quem esta revista já deve excelentes contribuições nos relata o extraordinário testemunho de lucidez e de coragem profética do arcebispo de San Salvador Oscar Romero, vivendo a fé no seio de um grave conflito político. Tais exemplos confirmam a verdade das grandes opções assumidas por Puebla.

    Estimamos que todas estas contribuições animam a fé em sua dimensão libertadora e comprometida com o Reino que deve crescer a partir dos pobres.

    Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator da REB

  • Espiritualidade de Encarnação
    v. 39 n. 156 (1979)

    As principais colaborações deste número se centram numa temática cara à fé vivida em contexto latino-americano: a espiritualidade de encarnação e de libertação. O pensamento teológico mais original de nossa igreja continental elaborado em torno dos problemas da injustiça, da pobreza e da libertação nasce de uma profunda experiência espiritual prévia: um encontro com o Senhor presente nos necessitados de nossas sociedades. A teologia vem depois, como palavra segunda e como esforço de intelecção e aprofundamento daquilo que foi, primeiramente, vivido na fé e no amor comprometido.

    Por isso carece de fundamento a acusação de que os agentes de pastoral e os teólogos comprometidos com a libertação dos oprimidos esvaziaram a oração e liquidaram com a mística e contemplação. Ao contrário é desta dimensão radical da fé que haurem a inspiração libertadora. À luz disto se entende que as principais produções da literatura espiritual dos últimos anos tenha sido, exatamente, fornecida por aqueles que mais estão inseridos na prática e na teoria com os problemas da libertação. Podemos testemunhar com alegria que os bispos mais engajados com a paixão de seu povo sofredor, são também os mais orantes e os que mais alimentam a paixão por Deus.

    Os trabalhos que aqui apresentamos mostram esta vinculação entre fé e libertação, evangelho e mística. Foram escritos por teólogos da América Latina e aparecem simultaneamente publicados em várias revistas de nosso continente.

    Esperamos que este material ajude a aprofundar ainda mais a urgência de uma espiritualidade adequada aos desafios que se nos antolham. Mais do que de teólogos precisamos de mis- ticos. Estes são os que ajudam a transformar as mentes, a Igreja e a sociedade. Oxalá o Espírito os faça surgir e brotar por todas as nossas comunidades cristãs.

    Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator da REB

  • A Igreja e a Justiça
    v. 39 n. 155 (1979)

    A REB apresenta várias contribuições que se situam no leque temático desenvolvido por Puebla. Assim o Pe. Alves de Melo reflete sobre a vinculação entre Igreja e justiça. O compromisso da Igreja com os direitos humanos especialmente dos mais pobres se deriva de seu seguimento de Jesus e de suas práticas libertadoras.

    O Pe. França Miranda aborda um tema muito importante com o qual a teologia comumente não se ocupa: como se articula a graça de Deus que é dom com a libertação do homem que é empenho. Situa suas reflexões, muito bem sedimentadas na produção teológica recente, no horizonte da teologia da libertação e do documento final de Puebla.

    Clodovis Boff tenta tirar a limpo o que significa evangelizar a cultura, capítulo importante das reflexões de Puebla. Desfaz as ilusões de uma compreensão meramente culturalista que não desce à conversão das forças sociais, produtoras da cultura.

    O Pe. Groenen prossegue o trabalho do número anterior da revista tentando esclarecer o papel da Igreja junto à religião do povo; combina de uma maneira feliz teologia pastoral com ciências sociais e antropologia.

    Das Comunicações chamamos especial atenção para uma ampla pesquisa feita em todo o Estado do Rio de Janeiro sobre a chaga do lenocínio, promovida pelo grupo de trabalho «Vida, defesa da mulher marginalizada». Esta revista agradece o envio deste estudo e oferece suas páginas para outras colaborações deste gênero.

    Toda vida precisa de alimento. A vida intelectual exige para o seu alimento a seriedade e o rigor das produções. Cremos que este número da REB o oferece abundantemente.

    Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator

  • Na Igreja, quem é Povo?
    v. 39 n. 154 (1979)

    Os quatro artigos do presente número centralizam suas atenções sobre temas que interessam diretamente a Igreja no Brasil. O primeiro do Pe. Henrique E. Groenen pergunta pelo conteúdo analítico da expressão «povo» quando falamos de Povo de Deus. Como se depreende de suas exposições, a palavra encerra níveis de compreensão muito diversos, correspondendo a níveis diversos de realidade social, compreendidos pela expressão «povo». O autor procura — nisso está a utilidade do estudo — ver como estes distintos níveis afetam a realização da Igreja.

    Frei Betto tem se mostrado um grande animador e analista da pastoral popular na Igreja do Brasil. Suas observações guardam um caráter testemunhal que ajudará a fazer a História da Igreja a partir dos olhos do povo e, ao mesmo tempo, traz um momento de lucidez em face de tantas ilusões em que pode cair uma pastoral voltada para os problemas do povo e feita pelo próprio povo cristão. O presente ensaio é muito útil para experiências afins.

    Gilberto Vilar de Carvalho fez um estudo minucioso e original sobre a presença ativa do clero nas duas revoluções republicanas de 1817 e 1824, a sair em forma de livro pela Editora Vozes. Aqui apresenta um apanhado sucinto dos ideais libertários de Frei Caneca, de Arruda Câmara, de João Ribeiro, sacerdotes que podem ser considerados próceres da teologia da libertação no Brasil.

    O país deve muito ao empenho e à competência do Pe. Rohr na preservação dos nossos sítios arqueológicos, especialmente dos sambaquis. Neste artigo, além de historiar o problema objetivo, conta suas lutas e lança um apelo para que o clero ajude a preservar o que é de todos, a memória nacional.

    Nos Comunicados publicam-se dois trabalhos de teor crítico: um sobre os jovens de Juazeiro e sua devoção ao Pe. Cícero, de Therezinha Stella Guimarães, e outro do Pe. J. Konings sobre Canto litúrgico e canção religiosa. Queremos saudar vivamente a colaboração feminina de Therezinha Stella.

    Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator da REB

  • Os Avanços de Puebla
    v. 39 n. 153 (1979)

    A REB tem. acompanhado ativamente todo o processo eclesial de preparação a Puebla. Agora apresentamos uma análise do documento final produzido pelos Bispos em Puebla. Cabe recordar que o texto representa o ponto culminante de toda uma caminhada. Esta caminhada em seus diversos passos compõe o significado global de Puebla.

    Podemos dizer que Puebla ratificou as esperanças e desfez os temores que muitos haviam, não sem razão, levantado nos meses que antecederam a Assembléia. A Igreja saiu fortificada em sua unidade e enriquecida com uma consciência mais comprometida com o povo de Deus que peregrina em nossos países, especialmente com os mais necessitados. Houve avanços notáveis face a Medellín. Os avanços se fizeram especialmente pelos lodos, alargando a base da Igreja e fazendo com que muito mais gente tenha assumido, oficialmente, os grandes passos que marcaram a Igreja latino-americana saída do Vaticano II e de Medellín.

    O presente número da REB apresenta alguns estudos de teólogos que estiveram presentes em Puebla. As análises deverão ser ainda aprofundadas em outros números. O importante é assumir Puebla, fazê-la o marco orientador de comunhão e participação de todos na mesma caminhada. Neste sentido de fé, Puebla deve ser considerada como um evento do Espirito em sua Igreja que no nosso Continente vive e sofre no seguimento de Jesus Cristo.

    Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator da REB

  • A Caminho de Puebla
    v. 38 n. 152 (1978)

    Os Papas vêm e vão. Entre o último número da REB em setembro e agora fomos visitados por dois Papas. João Paulo I com apenas 33 dias de pontificado deixou marcas indeléveis na Igreja: revelou a figura de um Papa-homem e muito menos de um Papa-imperador. Sua simplicidade, seu sorriso, alguns gestos de total espontaneidade projetaram a figura evangélica de um Papa desvinculado da pompa do poder que se havia incrustado no papado e comprometido com os humildes. Nisso foi perfeito. Atingida a perfeição, Deus o tomou para si. Havia cumprido sua missão e dado a mensagem de Deus ao mundo.

    O Papa João Paulo II se apresenta, verdadeiramente, como o Cabeça da Igreja. Herdou de seu predecessor a informalidade e a humildade. Mas ao mesmo tempo transmite a imagem de um líder religioso que possui determinação e que pode, com inteligência, conduzir a Igreja pelas contradições deste mundo que se manifestam também em seu próprio interior. Ele inspira segurança e confiança de que o passo acertado da Igreja a partir do Vaticano II será confirmado e aprofundado.

    Quase a totalidade deste número da revista é dedicado aos grandes temas que serão discutidos em Puebla. São pequenas colaborações que buscam pensar o cerne das distintas partes que compõem o Documento de Trabalho distribuído para estudo aos Bispos participantes. O Documento abre pistas que se encontravam truncadas no Documento Preparatório. Certamente as discussões na Assembléia irão perfilar as opções de fundo, definir melhor os destinatários (o povo de Deus) e em função disto escolher o gênero literário e a linguagem mais adequados. Fazemos nossa a esperança dos fiéis que olham para Puebla querendo ouvir junto com esta palavra a outra semelhante Pueblo-Povo. E sabemos que não seremos defraudados.

    Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator da REB

  • Comunidades Cristãs e Política Partidária
    v. 38 n. 151 (1978)

    Os Papas vão e vêm. A Igreja continua com o Papado na ansiosa expectativa do advento definitivo do Filho do Homem. Paulo VI, cuja memória será guardada, foi providencial para esta quadra difícil da Igreja; foi o Papa da abertura ao mundo, da comunidade cristã que se solidariza com as alegrias e esperanças, angústias e tristezas de nosso tempo; por isso foi o Papa que mais sentiu e sofreu com os conflitos que se espelharam na tecedura eclesial; mas soube suportá-los com o espirito das bem-aventuranças. A Igreja inteira lhe é grata pela paciência histórica que demonstrou, mantendo o espaço eclesial unido e aberto às diversas formas de expressões da fé nos dias de hoje.

    O novo Papa João Paulo I emerge como a soma feliz de seus dois antecessores imediatos. Esperava-se um Papa pastor, de grandeza de coração e de exuberante bondade, pois só a bondade convence definitivamente e torna a verdade cristã digna de acolhimento. Aguardava-se um Papa ligado ao caminhar concreto do Povo de Deus, mais eloquente pelos gestos do que pela argumentação, sensível à paixão deste mundo e solidário com os humilhados de nossa história. E Deus ouviu a suplica do povo cristão e da humanidade. Assume o Supremo Pontificado um homem de origens humildes, com um sorriso que transmite confiança e com uma confiança que foz crer na paz e na fonte inesgotável da esperança. Humilitas é o lema inscrito em seu brasão. A humildade coloca o homem junto ao húmus, no chão, em contacto com todos. É o significado que transparece das poucas palavras, dos gestos, do sorriso que já lhe granjearam a simpatia dos fiéis e dos homens de boa-vontade. Quer ser um homem a serviço de todos os homens. Quer continuar a diaconia de Cristo para o nosso tempo.

    Esta revista quer sentir-se unida a este Pastor e Irmão maior na fé. Contamos com o Espirito que conduzirá de fidelidade em fidelidade toda a comunidade cristã com seu Pastor no seguimento dos passos de nosso santíssimo Salvador Jesus Cristo.

    Gentil A. Titton, O.F.M.

    Diretor responsável da REB

  • Pastoral Popular
    v. 38 n. 150 (1978)

    A REB com este número prolonga a publicação de estudos acerca da temática suscitada por Puebla. São não apenas subsídios, mas colaborações que ganham valor pela objetividade das próprias causas em si mesmas.

    J. Comblin, consagrado teólogo de nosso Continente, reflete sobre alguns eixos básicos da pastoral e teologia latino-americana como secularismo, religiosidade popular, cristologia de libertação, eclesiologia, pneumatologia etc. Há sempre algo de novo e de sugestivo nas reflexões de Comblin.

    José Oscar Beozzo, conhecido historiador e sociólogo, completa com uma minuciosa análise o que estava apenas esboçado no Documento de Consulta para Puebla: quem eram os verdadeiros missionários da Igreja na Colónia e que tipo de cristianismo foi aqui implantado.

    Clodovis Boff aborda um tema de enorme relevância no atual contexto político e eclesial: A dimensão teológica da prática política. Mostra que o teológico de uma política não passa, primeiramente, pela intenção teológica do ator, mas constitui um dado inerente à própria prática política. Por isso, toda política tem a ver com a realidade do Reino, pouco importa o que pensam e querem os políticos.

    Paulo G. Suess, professor de teologia sistemática em Manaus, nos apresenta um notável estudo sobre a Pastoral popular: discurso teológico e práxis eclesial. Trata-se de uma contribuição muito útil para os quadros da teologia que se quer libertadora.

    O conhecido exegeta de S. Paulo Gilberto Gorgulho nos apresenta os modos de articulação que se estabelecem entre a Leitura bíblica e o compromisso com a justiça. O A. pensa a partir de sua Igreja — aquela presidida pelo Card. Paulo Evaristo Arns — que se tem notabilizado, mundialmente, por suas práticas em favor dos direitos dos pobres.

    Na parte da Documentação realçamos o conhecido texto de Itaici e também o outro apresentado à Assembléia dos Bispos em Itaici pelo Regional Nordeste da CNBB (D. Hélder, D. José Maria Pires, D. Marcelo Carvalheira etc.) tendo como título: O caminhar do povo de Deus na América Latina. Trata-se de um texto que plante ia as principais estações da teologia e da pastoral com vistas a Puebla.

    Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator da REB

  • Subsídios para Puebla/78
    v. 38 n. 149 (1978)

    Todo este número da REB é dedicado à análise ou ao oferecimento de subsídios ao Documento de Consulta para a Terceira Conferência Geral do Episcopado Latino-americano a se realizar em Puebla (México) nos dias 12-28 de outubro do corrente ano. O tema é a evangelização no presente e no futuro da América Latina.

    O documento é decepcionante. Não atende às grandes expectativas da Igreja continental que espera ser reafirmada na caminhada dos últimos anos. Sente-se em todas as partes a vontade de frear, de repristinar posições do passado e de polemizar.

    Falta ao texto um senso de realidade em dois sentidos: não detecta com pertinência os problemas sociais do Continente, não se esforça por ir às causas que os explicam e a proposta que oferece para o seu equacionamento recende a uma velha fórmula, totalmente inviável no contexto do mundo atual: a gestação de uma cultura cristã, de uma civilização do amor.

    O documento abandona a perspectiva consagrada em Medellín. Aí a Igreja fez as grandes opções, pelos pobres, pela libertação integral, pela Igreja particular, especialmente pelas comunidades eclesiais de base. Citam-se muitos textos dos documentos de Medellín. Entretanto a ótica é abandonada. A proposta do texto não é mais a opção pelos pobres que trouxe credibilidade à Igreja e a enriqueceu com inegáveis valores evangélicos, mas é em favor da cultura cristã, alternativa que pretensamente se oferece à férrea divisão do mundo entre «coletivismo totalitário» e «capitalismo materialista», na expressão do documento de consulta. Cremos ser esta a fórmula que os autores do texto encontraram para obviar uma opção mais decidida da Igreja pelos esbulhados milhões de nossos países. A Igreja não opta, dizemos nós, nem pelo capitalismo nem socialismo. Ela opta pelo povo que, geralmente, está à margem de um e outro sistema.

    O texto deslatinoamericaniza a reflexão teológica e a maneira como se tomam decisões pastorais: parte-se da realidade analisada com os instrumentos científicos disponíveis; interpreta-se esta realidade assim descodificada à luz da fé e se decidem pistas de ação pastoral. O texto assume apenas ritualisticamente esta metodologia. Seu conteúdo não é determinado por este método. É doutrinário, dedutivo e já nasce pronto. Não é digno da teologia dos teólogos latino-americanos e dos pronunciamentos dos nossos principais episcopados. Deverá ser refeito por amor ao nosso Povo de Deus que espera e merece uma esperança melhor.

    Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator da REB

  • Pecado Social
    v. 37 n. 148 (1977)

    Um dos temas importantes sobre os quais reina pouca clareza teórica é certamente o do pecado social. Clodovis Boff tenta estabelecer as principais articulações ao nível do social e ao nível do teológico que entram na composição do pecado social. O estudo é lúcido e traz uma contribuição importante.

    Aldo Vannucchi estuda os passos de uma Pastoral de Libertação, acentuando especialmente a pedagogia a ser seguida para que se avance, efetivamente, numa libertação do oprimido pelo próprio oprimido.

    Groetelaars lança parte de um estudo mais amplo — que será continuado brevemente nesta revista — sobre Casamento natural, casamento-sacramento e religiosidade popular. É um bom estudo interdisciplinar e critico que, certamente, ajudará na presente discussão sobre a crise do matrimonio e sobre a instituição do divórcio em nosso país.

    Irmandades, Santuários, Capelinhas de beira de estrada é uma pesquisa muito interessante feita por José Oscar Beozzo, dando-nos conta da vitalidade do catolicismo colonial, de certa forma e sob outros signos, ressuscitada pelas comunidades eclesiais de base.

    Ninguém mais do que Pe. Zezinho acumulou experiência sobre a Pastoral de Juventude. Aqui temos oportunas observações críticas sobre o impasse a que chegou certo tipo de pastoral de juventude.

    A todos os leitores e colaboradores da REB auguramos boas-festas de Natal. Os tempos que vivemos são desafiadores e, às vezes, maus. Mas não pode haver tristeza quando nasce a vida. Há verdadeira alegria quando se anuncia: a Vida que nasceu é só vida, nova, plena, redentora, divina.

    Leonardo Boff, O.F.M.

  • Cristologia a partir da periferia
    v. 37 n. 147 (1977)

    Numa reflexão de grande lucidez o historiador Eduardo Hoornaert nos chama a atenção sobre as ambiguidades que se ocultam sob as campanhas em defesa dos direitos humanos promovidas pelos mandatários dos países metropolitanos de nosso sistema. Defender os direitos humanos demanda a criação das condições nas quais eles possam ser vividos e respeitados.

    O domingo: Que fazer com ele? é uma questão abordada com senso histórico e pastoral pelo professor de teologia moral em Petrópolis, Frei Antônio Moser.

    O jovem teólogo Pe. Rogério de Almeida Cunha nos apresenta as implicações para a linguagem da fé que emergem da convivência com os oprimidos. Trata-se de uma 'conferência dada pelo Autor na Universidade de Münster por ocasião de sua colação de grau ao doutorado sob o patrocínio de J. B. Metz.

    Jesus Cristo Libertador: uma visão cristológica a partir da periferia é a conferência dada pelo Redator desta revista no congresso internacional de Cristologia realizado tem Madrid em março de 1977. Ela constituiu texto de discussão com outros cristólogos como E. Käsemann, W. Pannenberg, W. Kasper, Ch. Duquoc e cerca de 40 teólogos espanhóis. Aprofundam-se perspectivas que o A. já assumira em livros anteriores.

    Escatologia e teologia da ação: a teologia sistemática de Paul Tillich é um estudo conclusivo de uma tese apresentada pelo Autor, Etienne Higuet, na Universidade de Louvain.

    O grande amigo e animador da Igreja no Brasil José Comblin nos oferece à reflexão um tema de grande relevância — Evangelização e Libertação — especialmente com vistas ao próximo Sínodo dos Bispos a ser realizado em outubro em Roma.

    Ademais a REB continua com a Mesa da Palavra propiciando amplo material para a homilética e aprofundamento exegético de nossos agentes de pastoral.

    Como toda vida, assim também a vida cristã precisa de alimento. Cremos poder oferecer alimento abundante, extraído da reflexão teológica séria e comprometida com a missão sacramental da Igreja.

    Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator da REB

  • Subsídios para a Pregação
    v. 37 n. 146 (1977)

    Frei Betto — Alberto Libânio Christo — faz algumas importantes reflexões teológico-pastorais acerca da Igreja que nasce do Povo pelo Espirito de Deus no Acre. É importante que se reflita sobre o que ocorre na base, porque aí é que se encontra a verdadeira eclesiologia.

    Hubert Lepargneur conclui seu longo estudo acerca dos Direitos Humanos em sua conexão com a história da Igreja. Ê um estudo muito minucioso e sério que estava faltando em nossa língua.

    Dom Cândido Padin, bispo de Bauru — SP, conhecido jurista e atento crítico da ideologia presente no regime militar brasileiro, coloca as balizas fundamentais para o correto entendimento da Doutrina da Segurança Nacional e suas práticas políticas. É o contexto maior dentro do qual a Igreja vê inscrita sua própria pastoral e os conflitos que, eventualmente, pode provocar.

    Etienne Samain resume, excelentemente, um minucioso estudo acerca do atual estado da pesquisa sobre os ministérios. Na atual busca de compreensão, o trabalho representa um significativo auxílio de lucidez.

    A REB sempre procurou afinar-se com os problemas pastorais e com as necessidades dos que militam na base da Igreja. Já há muitos anos mantinha uma secção de assuntos pastorais e outra de homilética. Com a flexibilidade da Igreja e da teologia trazida pelo Vaticano II, tornou-se mais difícil opinar, adequadamente, sobre tantos problemas de moral e de direito canónico e apresentar subsídios para a mesa da Palavra. A partir deste número, haverá uma secção nova — A Mesa da Palavra — na qual, com bastante antecedência, serão apresentados comentários exegéticos das 3 leituras dominicais e sugeridas pistas para a homilia. Serão, em cada número, 96 páginas. As separatas poderão ser compradas pelos serviços mantidos pela Editora Vozes, caso o interessado não tiver a assinatura da REB. Cremos que é um apoio grande para a atualização dos pastores, dos agentes de pastoral e de todos os que estão ligados à diaconia da Palavra. Esta secção será mantida pelo tempo que se fizer necessário.

    Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator da REB

  • Direitos humanos e Evangelização
    v. 37 n. 145 (1977)

    Nos dias 9, 10 e 11 de fevereiro do corrente, realizou-se, em Petrópolis, a sexta semana teológica, versando sobre o tema Direitos Humanos e Evangelização, cujas contribuições se encontram neste número da REB. Presentes estavam cerca de 65 teólogos, vindos de todas as partes deste imenso país.

    Nestes últimos anos, a Igreja no Brasil assumiu uma reconhecida liderança na defesa dos direitos inalienáveis da pessoa humana, seriamente comprometidos pelas práticas impostas pelo regime vigente no país desde 1964. Não que somente agora a Igreja viesse a denunciar violações dos direitos do cidadão. Nossa história pátria, que conheceu a escravatura, testemunha o quanto tem sido difícil manter d coerência entre mensagem evangélica e práticas sociais discriminadoras. Mas não se pode negar que nos últimos anos a consciência cristã revelou aguda sensibilidade na defesa dos direitos humanos como uma tarefa da própria evangelização.

    Este fato propicia à teologia fazer uma reflexão mais fundamental sobre a estreita vinculação entre direitos humanos e missão evangelizadora. Para que a diligência se revestisse de maior seriedade procedeu-se a aprofundamentos do tema em diferentes níveis: histórico, filosófico, sociológico, político e teológico. Os resultados o leitor poderá colhê-los nestas distintas abordagens. Perceberá até que ponto se deve aproximar evangelização e direitos humanos e até que ponto se deverá manter um recuo crítico para não cair em ilusões idealistas que acabam favorecendo exatamente aqueles que violam os direitos humanos.

    De todas as maneiras a fé cristã implica uma imagem do homem, visitado e habitado por Deus, que o torna sacrossanto e inviolável em sua dignidade, estabelecendo limites intransponíveis aos interesses do Estado ou à necessidade de uma legitima segurança nacional. O homem se encontra imediatamente diante de Deus e nenhuma instancia civil ou eclesiástica pode arredá-lo de sua posição, antes são julgadas por ela em suas pretensões. Ter compreendido isto e organizado uma práxis coerente é certamente um mérito de nossa Igreja, cuja boa fama corre pelas Igrejas do mundo inteiro.

    Leonardo Boff, O.F.M.

  • Teoria e Práxis na Igreja
    v. 36 n. 144 (1976)

    Frei Mateus Rocha, dominicano, descobre para os dias de hoje o significado transcendente de S. Francisco que não interessa somente aos franciscanos nem simplesmente aos cristãos, mas a todos os homens que se dimensionam, como todo profeta, mais para o futuro que para o passado.

    Frei Clodovis Boff é, certamente, o mais novo teólogo brasileiro. Neste estudo Teologia e Prática resume sua tese doutoral defendida neste ano com reconhecido brilhantismo na Universidade de Lovaina. Enfrenta um problema fundamental cuja articulação teórica deficiente vinha sendo lamentada nos círculos da teologia da libertação e no de seus críticos. Este estudo é notável e reputamos ser o que há de melhor em qualquer língua neste campo. Servirá como ponto de referência para ulteriores posicionamentos.

    Jacques Vervier é um teólogo belga trabalhando entre nós no Brasil. Com seu estudo Propósitos Antimalthusianos desmascara a ideologia oculta debaixo das eruditas discussões sobre o problema demográfico.

    Benedito Ferraro é outro jovem teólogo brasileiro que com seu estudo A Significação Política da Morte de Jesus nos resume sua elogiada tese defendida em Friburgo na Suíça em 1975. Em breve ela sairá a lume pela Editora Vozes. Aqui recolhe os principais resultados com clareza e equilíbrio tanto no manuseio das fontes históricas quanto no da reflexão teológica.

    Identidade na América Latina, pressupostos e fundamentos na práxis eclesial — eis um estudo de um teólogo alemão, Norbert Schiffers, preocupado com a problemática teológica que se depreende da prática cristã em contexto de subdesenvolvimento. É de se louvar como um teólogo estrangeiro pôde aprender tanto e também pode contribuir para aprofundarmos o conhecimento de nossa realidade conflitante.

    Não queremos deixar de ressaltar na parte de Documentação a Comunicação Pastoral ao Povo de Deus emanada da CNBB, onde se constata um ponto alto profético da Igreja mergulhada nos conflitos iniludíveis deste país, sabendo evangelicamente tomar posição em favor dos pisoteados pelo poder opressor.

    Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator da REB

  • Liturgia, Comunicação, Cultura
    v. 36 n. 143 (1976)

    O Pe. Jaime Snoek, com sua competência, reconhecida também fora de nossa pátria, apresenta os resultados das pesquisas recentes sobre a paternidade responsável. Em sua argumentação transparece, como em outros artigos seus, profunda seriedade unida a um verdadeiro amor pastoral e ao sentido da liberdade cristã.

    Frei Antônio Moser, Professor de Teologia Moral em Petrópolis, apresenta e aprofunda consideravelmente a difícil questão dos matrimônios interconfessionais.

    O Pe. Mário Bonatti reflete sobre um tema importante para a pastoral: a relação entre liturgia, comunicação e cultura.

    O Pe. José Comblin completa um estudo publicado no último número da REB sobre os conceitos cristãos de liberdade e libertação. É uma colaboração muito útil à teologia da libertação.

    O Pe. Oscar Beozzo, sociólogo e historiador, nos dá a conhecer um capitulo pouco estudado da história do século XIX: a Igreja e os índios.

    Comunicações apresentam excelentes colaborações. O Pe. Edvaldo C. do Amaral, a partir da experiência pastoral, recoloca o discutido problema do celibato. Destacamos ainda o trabalho de Maria do Carmo R. Neves sobre a prostituição: abolicionismo, regulamentarismo, proibicionismo. Suas reflexões nasceram de uma práxis pastoral muito corajosa em tal meio.

    O II Encontro Intereclesial sobre Comunidades de Base (Vitória, ES) resume e recolhe as conclusões do que foi esta reunião, verdadeiro Sínodo de Igreja local e regional, onde se debateram juntamente com líderes do povo os caminhos da Igreja na base.

    A Documentação oferece um esclarecimento lúcido de Dom Antônio Fragoso sobre o caso dos Bispos detidos, sumariamente, pela repressão em Riobamba no Equador. A serenidade e o tom evangélico traduzem o espirito que presidiu a reunião dos Bispos no Equador.

    Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator

  • Liberdade e Libertação Hoje
    v. 36 n. 142 (1976)

    O bispo não é apenas aquele que é responsável pela fé verdadeira e pela doutrina ortodoxa. É fundamentalmente aquele que crê mais profundamente; por isso torna-se o mais responsável pela reta fé. O que significa crer hoje representa uma reflexão muito pertinente de um bispo, D. Pedro Paulo Koop, da Igreja que está em Lins-SP, não sobre qualquer tipo de fé, mas sobre aquele que se verifica no seguimento de Jesus Cristo morto e ressuscitado.

    Os conceitos cristãos de liberdade e libertação: eis um estudo do amigo do Brasil J. Comblin. É uma crítica do conceito liberal e totalitário de Uberdade e libertação. No próximo número fará um confronto com a visão e práxis cristã.

    O P. Adriano van den Berg aprofunda um tema já abordado por ele nesta revista em 1973: A Ssma. Trindade e a existência humana. Há pouca literatura sobre o tema que é da maior importância espiritual. Admiramos o tom experimental que o A. soube conferir às suas reflexões.

    Eduardo Hoornaert se tem celebrizado entre nós pela sua releitura da história eclesiástica no Brasil à luz das preocupações da teologia da libertação que privilegia o lugar do pobre e do oprimido. O presente estudo — O padre católico visto pelos indígenas — revela dimensões insuspeitadas pela historiografia corrente.

    O pensar sacramental: sua fundamentação e legitimidade é um estudo do Redator desta revista. As perspectivas apresentadas pelo livro Minima sacramentalia que, à primeira vista, parecem simples, na verdade escondem difíceis problemas de ordem hermenêutica e histórica. Aqui se trata do assunto, não mais numa linguagem narrativa, mas argumentativa, justificando aquela.

    Roma e as práticas missionárias no novo mundo constitui uma pesquisa de alto valor desmistificador do triunfalismo das missões no Brasil e na América Latina, escrita por M. J. Vilela.

    A experiência bem sucedida de Frei Carmelo Surian em Niterói sobre a aposentadoria pelo INPS e Funrural é aqui apresentada para ser imitada por este vasto pais. O benefício que tem levado a muitos pobrezinhos justifica a publicação de todo o modus procedendi seguido por Frei Carmelo.

    Esperamos que todo este rico material teológico-pastoral venha ao encontro da renovação dos nossos pastores. Somente atende às urgências da situação com soluções adequadas aquela pastoral que sabe continuamente afinar a sensibilidade mediante o estudo, a reflexão teológica e a oração.

    Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator da REB

  • Catolicismo Popular
    v. 36 n. 141 (1976)

    Este número de REB é totalmente dedicado ao Catolicismo Popular. Reúnem-se aqui as contribuições da V Semana Teológica de Petrópolis realizada nos dias 17-20 de fevereiro do corrente ano. As 200 pessoas que acorreram mostram um fato iniludível: há um grande interesse ao redor do tema do Catolicismo Popular e há urgência de se aprofundar o conhecimento do fenômeno. Houve uma fase, longa, de desconfiança e rejeição do Catolicismo Popular; nos últimos anos fez-se notar, em certos ambientes, entusiasmo aberto para tudo o que é popular e por isso também para o Catolicismo Popular, chegando-se a tratá-lo como algo de intocável. Os estudos que apresentamos situam-se, sem pretendê-lo previamente, num caminho intermediário. Representam uma tentativa de aproximação séria e crítica do problema a partir de diferentes perspectivas cientificas interessadas no Catolicismo Popular.

    Não se pretendia resolver problemas, mas conhecê-los. Os que vieram buscar soluções muito cedo compreenderam o intrincado da questão e se convenceram da necessidade de se ter, primeiro, paciência para se informar, estudar, ganhar uma visão mais completa e estrutural para, a partir daí, se poder pensar em pistas de atuação.

    Somente à base de um conhecimento mais adequado ao fenômeno se pode fazer uma reflexão teológica pertinente. Caso contrário, como ocorre frequentemente, a teologia decai para conhecidas universalizações esvaziando os problemas propostos à sua reflexão. Em razão disso tudo houve pouca reflexão teológico-pastoral no encontro em Petrópolis. O material publicado representa indubitavelmente um desafio à inteligência teológica; fica aqui consignado um convite para que estes textos científicos sejam retomados à luz da leitura teológica.

    O Catolicismo Popular envia sua mensagem em código próprio que não é aquele do Catolicismo Oficial. Este pensa uma coisa e a diz univocamente. Aquele diz uma coisa e pensa outra, pois sua linguagem é metafórica e sacramental. «O tipo de relação é diferente: na linguagem popular supõe-se o interlocutor inteligente; na linguagem técnica (do Catolicismo Oficial) supõe-se a linguagem inteligente» (M. de Certeau). O sentido dos trabalhos publicados é convidar-nos a sermos interlocutores inteligentes. Para isso devemos ter, como o povo, grande espírito de finesse: ao bom entendedor meia palavra basta.

    Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator da REB e Coordenador do Encontro

  • O Serviço da Igreja ao Homem
    v. 35 n. 140 (1975)

    Frei Simão Voigt, professor de Teologia do NT no Instituto Filosófico-Teológico de Petrópolis, apresenta um estudo exaustivo: O discípulo amado recebe a mãe de Jesus «eis ta idia»: velada apologia de João em Jo 19,27? O leitor está frente a um trabalho de grande rigor e penetração que coloca o autor num nível exegético só comparável aos grandes centros metropolitanos dos estudos bíblicos.

    O serviço da Igreja ao Homem é uma reflexão de um teólogo chileno, Ronaldo Muñoz, especialmente para a REB. Aproveitando a situação de seu país, redescobre dimensões novas da pastoral da Igreja, especialmente na defesa dos direitos humanos.

    Oscar Beozzo, que já acumulou boa experiência com jovens universitários, apresenta-nos interessante pesquisa sobre Atitudes dos jovens universitários face à religião e à Igreja.

    Que é fazer teologia partindo de uma América Latina em cativeiro? é um ensaio programático do Redator da REB, nascido do confronto entre realidade sócio-analítica e fé cristã que busca ser eficaz e libertadora. Pretende aprofundar o estatuto metodológico da teologia da libertação.

    Dos Comunicados destacamos a pesquisa sobre o Papel da Igreja entre os emigrados italianos no Rio Grande do Sul. Este trabalho vem preencher uma lacuna sentida e presta uma homenagem pelo centenário da imigração italiana no Sul do país.

    Mons. Hilário Pandolfo ocupou-se ultimamente com intensidade e simpatia com o problema do relacionamento entre Maçonaria e Catolicismo. Aqui apresenta-nos os resultados de seus estudos que certamente orientarão a discussão ulterior do problema.

    A REB, ao findar este ano, agradece a todos os colaboradores e leitores pelo apoio que tem recebido. O grupo da Redação alegra-se por poder ajudar na reflexão da vida da fé encarnada em nossa pátria. Não deixemos de arder, irmãos, porque, se nós não ardermos, muitos, por nossa culpa, morrerão de frio!

    Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator

  • O Pensar Sacramental
    v. 35 n. 139 (1975)

    No primeiro artigo o redator desta revista Frei Leonardo Boff tenta pensar os sacramentos não a partir de sua estruturação histórica, mas a partir de um nível mais profundo, do enfoque que permite ver toda a realidade em sua dimensão sacramental. Este enfoque nasce da experiência de Deus.

    O Pe. Calisto Vendrame aprofunda o sentido teológico do Sacramento dos Enfermos. O artigo possui uma eminente dimensão pastoral. Fará bem a todos os que tratam dos doentes.

    Pouco conhecemos do frade que celebrou a primeira missa no Brasil Frei Henrique de Coimbra. Frei Venâncio Willeke apresenta-nos minuciosa pesquisa sobre o assunto, certamente a primeira a ser publicada no Brasil com tal abundância de fontes.

    Estagiando por um ano no Conselho Mundial de Igrejas em Genebra, Aldo Vannucchi pôde aprofundar um tema muito importante para a reflexão na América Latina: Liturgia e Libertação. A libertação não se realiza somente através de análises cientificas e planos de ação concreta. Ela é celebrada e antecipatoriamente já gozada na liturgia.

    Um dos grandes teólogos do Brasil foi certamente o Pe. Penido. Pe. Gilson Silveira nos apresenta uma bela síntese do pensamento teológico de Pe. Penido falecido recentemente.

    O Pe. Beni dos Santos apresenta-nos ricas idéias sobre a sacramentalidade do Matrimonio, ressaltando as consequências pastorais de uma concepção mais teológica e menos jurídica da sacramentalidade matrimonial.

    Profundamente preocupado com o problema da falta de sacerdotes, o Pe. M. Groetelaars apresenta o problema: Pastoral ou direito canónico: uma questão de consciência — padre casado e culto dominical sem sacerdote.

    Sebastião Armando Soares nos apresenta sugestivas idéias sobre o Mistério da Palavra de Deus. Esta não cai como um aerolito do céu, mas passa pela mediação do outro e da história.

    As comunicações publicam ainda dois estudos ligados à história da Igreja no século passado, um de Riolando Azzi e outro de Mathias C. Kiemen.

    A REB crê poder oferecer aos seus leitores bom material de renovação teológica e pastoral. A vida espiritual é como toda vida: ou se alimenta ou definha. Alimentemo-nos, portanto.

    Frei Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator da REB

  • A Igreja que nasce do Povo
    v. 35 n. 138 (1975)

    O artigo de Frei Carlos Mesters O Futuro do nosso Passado apresenta talvez as reflexões mais pertinentes até hoje feitas no Brasil sobre Comunidades Eclesiais de Base. Apoiado em testemunhos concretos, transcende essa concreção e limitação e se alça para as verdadeiras dimensões de um ensaio de eclesiogênese; é por aí que caminha o futuro da Igreja.

    José Comblin continua presente no Brasil mediante seus ricos artigos. Agora com o estudo A missão do Espírito Santo apresenta uma série de reflexões importantes para discernir o que será a Igreja de amanhã. O que admira em Comblin é a mordência de sua reflexão. Ao lado da mística, há uma notável capacidade analítica.

    A Igreja, uma Comunidade Libertadora e Criadora? é a contribuição de E. Samain. Grande especialista em S. Lucas, oferece-nos aqui reflexões sobre Pentecostes com uma profundidade nunca dantes lograda nesta revista.

    O Pe. Enzo Campos Gusso transmite-nos sua larga experiência universitária com o artigo Subsídios para uma Pastoral Universitária. Todos quantos trabalham com universitários ser- lhe-ão gratos por estas oportunas reflexões.

    Nos Comunicados ressaltamos de modo todo particular o artigo de Eduardo Hoornaert A Tradição lascasiana no Brasil. O A. mostra como sempre esteve na memória da Igreja no Brasil a defesa dos injustiçados, dos índios, dos negros e dos oprimidos de hoje.

    Interessante também o artigo Liturgia e Valores das Culturas Nativas, mostrando a atual fase da reforma litúrgica.

    Frei Boaventura relata o desenvolvimento no consenso entre Luteranos e Católicos nos USA acerca do Primado Papal.

    A pesquisadora Marie Madeleine Breeveld tenta rever, em sua aplicação à religiosidade vigente no Brasil, o conceito de sincretismo.

    A riqueza do material apresentado nos coloca, assim esperamos, em contato com o que há de sério na reflexão teológica do Brasil e nos ajudará certamente a melhor entender a realidade para atuarmos mais eficazmente.

    Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator da REB

  • Indissolubilidade Matrimonial
    v. 35 n. 137 (1975)

    Neste seu primeiro número de 1975 a REB dedica espaço a temas de moral. Recolhe três ensaios que serviram de base para um curso dado no segundo semestre de 1974 a um bom grupo de Bispos, no Rio de Janeiro.

    No primeiro deles — Pecado, culpa e psicanálise — Frei Antônio Moser introduz na problemática geral do pecado, situando-a face às contribuições da psicanálise. É uma feliz combinação entre o dado experiencial, bíblico, psicanalítico e teológico.

    O Pe. Jaime Snoek retoma um tema do qual se fez conhecido especialista: o da indissolubilidade. O que Deus uniu, o homem não separe. Esse estudo vem ajudar na reflexão que agora afeta a consciência nacional. Sua seriedade, o confronto sereno com a mais significativa literatura existente sobre o assunto qualificam, acima das reações meramente afetivas de alguns setores, o peso de sua opinião.

    Frei Bernardino Leers aborda um tema não menos candente: A lei natural e sua problemática atual. Alia a experiência teórica à experiência com o povo, o que confere ao seu texto insuspeitada atualidade pastoral.

    A professora Regina Prado apresenta uma pesquisa feita no Maranhão: Funcionários religiosos na zona rural da Baixada Maranhense. É um sério ensaio sobre religiosidade popular, utilizando-se de uma metodologia cientifica que lhe permite descobrir os verdadeiros mecanismos da mentalidade religiosa de nosso povo.

    O Pe. Edgar Franca apresenta com seu amplo estudo — A reforma dos tribunais eclesiásticos — uma excelente ajuda a todas as Dioceses.

    Capuchinhos e o movimento brasileiro de reforma católica do século XIX é um capítulo desenvolvido por Riolando Azzi em seus sucessivos estudos sobre a Igreja no Brasil durante o século XIX. Certamente ajudará a iluminar uma quadra pouco estudada de nossa história eclesiástica.

    A REB faz votos de que o estudo do material apresentado neste número ajude a melhor compreender e a viver a mensagem cristã em sua dimensão ética.

    Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator da REB

  • O Demoníaco no Mundo Moderno
    v. 34 n. 136 (1974)

    Embora não lhe sendo mais permitido viver no Brasil, J. Comblin continua a amar a Igreja que aqui vive e sofre. Seu artigo «A missão profética da Igreja nos tempos atuais» acentua a unidade da ação engajada da Igreja dentro da singularidade de cada tempo, traduzindo a efervescência do Espirito contra todas as formas de esclerosamento institucional.

    O que seja o compromisso libertador de um profeta da patrologia latino-americana, mostra-o muito bem Frei Oscar de Figueiredo Lustosa, O.P., em seu estudo «A contestação de um profeta: Bartolomeu de las Casas (1474-1566)».

    O jovem teólogo Prof. Francisco Taborda, S.J., aborda um tema difícil mas importante: «Teologia e ciências no diálogo interdisciplinar». A teologia é convocada a ser sal critico no esforço de manter a inteligência sempre aberta a sua destinação superior que é a Transcendência.

    O livro O Exorcista bem como o filme do mesmo nome provocaram sérias reflexões acerca do demoníaco na sociedade. O Pe. J. A. Netto de Oliveira apresenta um paralelo entre a experiência do diabólico na cultura do século XVII e a experiência em nosso século: «O Sagrado e a Cultura: o problema do demoníaco no mundo moderno». O fenômeno desvenda o desequilíbrio cultural e o secreto desejo de uma nova ordem.

    «O que significa propriamente o sacramento?» é o tema desenvolvido pelo redator desta revista. Na pesquisa dos vários significados da palavra sacramento aparece um tipo de pensar que fundamenta os sacramentos e os legitima ainda hoje dentro de nosso mundo secularizado e pragmático.

    Nos Comunicados ressaltamos o relato feito por Dom Moacyr Grecchi: «Comunidade de Fé e Homem Novo na experiência da Igreja do Acre e Purus». Aqui se revela uma Igreja nova que não é uma utopia, mas realidade do Espirito. Recomendamos a leitura desta comovente experiência que alimenta a esperança de todos os que crêem, contra toda sorte de ceticismo institucional intra-eclesiástico.

    Relevamos também a crónica dos debates e resoluções do Sínodo dos Bispos em Roma.

    A REB deseja a todos os seus leitores alegrias natalinas: haverá sempre uma estrela no caminho dos que buscam. Importa buscar.

    Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator

  • Evangelização Libertadora
    v. 34 n. 135 (1974)

    Ministros Extraordinários da Eucaristia, da autoria de Frei Ary E. Pintarelli, é o relato de uma experiência feita no Sul do País, que saudamos vivamente com o desejo de que outros que vivem outras experiências eclesiais utilizem as páginas da REB para se comunicarem com toda a Igreja do Brasil.

    Eduardo Hoornaert, conhecido historiador do Recife, trata a propósito da Evangelização segundo a Tradição Guadalupana de um tema extremamente importante: a partir donde evangelizar? A partir do centro, da instituição, ou a partir da periferia e da pobreza? O artigo questiona o modo comum de evangelização que se impôs a partir da instituição e nos situa numa esfera eminentemente evangélica da abdicação de todo poder a partir da qual pode se fazer ouvir a verdadeira mensagem cristã. Esse estudo presta-se bem para um aprofundamento do tema principal do Sínodo: evangelização no mundo de hoje.

    Muito interessante é também a contribuição do Pe. Nicolau Bakker sobre Romarias: questionamento a partir de uma pesquisa. As sugestões pastorais à base de uma bem fundada análise serão úteis a todos os que trabalham com romeiros.

    O Pe. Beni dos Santos aborda um tema de grande atualidade, Política Demográfica e Moral. Coloca o problema e articula as principais soluções que se impõem a partir da ótica cristã.

    Nosso colega Frei Fernando A. Figueiredo reflete sobre um tema difícil na vida da Igreja atual: Autoridade e Obediência na Igreja. A reflexão séria oferece uma possibilidade real de resolver os problemas sem afogar as tensões sadias.

    O Pe. José Comblin, comemorando o 7° centenário da morte de Santo Tomás de Aquino, mostra a atualidade do pensamento tomista como feliz síntese entre ciência e fé, revelando sua contribuição para a problemática social e antropológica que hoje nos desafia.

    Das Comunicações destacamos a contribuição do Pe. J. B. Quaini sobre o Espírito Santo e o Sacerdote e o relato da experiência pastoral da Diocese de Apucarana: Estrutura a Serviço da Comunhão Eclesial.

    Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator

  • O discurso da libertação na sinagoga de Nazaré
    v. 34 n. 134 (1974)

    Neste número a REB apresenta uma série de estudos, alguns de fundamental importância. O primeiro deles é do Prof. E. Samain, Manifesto de Libertação: o discurso-programa de Nazaré (Lc 4,16-21). O autor é considerado um dos melhores especialistas jovens da teologia lucana. Sustentado por seguro aparato critico releva o aspecto profundamente libertador da primeira aparição de Jesus ao mundo.

    Saudamos um fato inédito nas páginas da REB: pela primeira vez, em seus 34 anos de existência toma a palavra uma teóloga leiga, a Profa. Tereza Cavalcanti, para, com rara intuição, refletir sobre o conteúdo central do cristianismo, i. é, sobre a ressurreição e o valor dos mais antigos testemunhos.

    Neste ano, celebra-se no mundo inteiro o 7° centenário da morte de S. Boaventura, um dos maiores teólogos e místicos medievais. O Prof. Frei Raimundo Vier, conhecedor exímio da escolástica franciscana, relata o atual estado dos estudos bonaventurianos.

    Um estudo crítico e muito necessário apresenta o sociólogo Pedro A. Ribeiro de Oliveira sobre Evangelização e catequese: um problema em formulação. O A. analisa as principais posições defendidas aqui no Brasil, critica-as e tenta desenvolver pistas para uma melhor colocação do problema. A catequese que quer atingir o povo deve comunicar, não apenas verdades, mas permitir a participação de todos os membros, até ao nível do centro de decisão, em seu tesouro religioso.

    O Redator desta revista aborda a problemática da tensão entre a busca de realização pessoal e a obediência religiosa. Partindo de um questionamento dos esquemas convencionais sobre auto-realização, tenta formular o verdadeiro problema que se situa na busca da auto-identidade encontrável em qualquer situação com a qual o homem é confrontado.

    Frei Boaventura Kloppenburg aborda um tema muito caro aos seus interesses teológicos: As razões do coração. É um esforço de valorizar os conhecimentos da psicologia das profundezas como vias ao acesso do mistério de Deus.

    Dos Comunicados ressaltamos particularmente a pesquisa de Riolando Azzi sobre Dom Manuel Joaquim da Silveira, primaz da Bahia, baseado em fontes inéditas. Recomendamos também o estudo de Frei Emiliano Vallauri, A exegese moderna diante da virgindade de Maria, onde recolhe as principais posições católicas.

    Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator

  • Moral Fundamental
    v. 34 n. 133 (1974)

    Nos dias 5, 6, 7 de fevereiro do corrente realizou-se em Petrópolis a IV Semana Teológica reunindo cerca de 80 pessoas vindas de muitas partes do Brasil. O tema era Moral Fundamental. O presente número da REB reúne as principais colaborações trazidas para o encontro. Como o leitor poderá observar, todas elas testemunham o alto gabarito que a reflexão filosófico-teológica assumiu em nossa pátria.

    Na Moral Fundamental vigora a preocupação de deslindar o horizonte especifico do Ethos que entra e determina todas as concreções. A essa tarefa se dedicou Frei Gamaliel Devigili, Professor no Instituto Filosófico-Teológico de Petrópolis abordando o tema Hermenêutica do Ethos.

    Frei Bernardino Leers, Professor de Teologia Moral na PUC de Belo Horizonte, estuda a especificidade do Ethos cristão. Não se deteve em vertebrações abstratas, mas tentou captar o Ethos cristão como é vivido pelo povo cristão no Brasil.

    Um grande desafio nos vem da atividade cientifica, característica fundamental da modernidade. O Prof. Henrique C. de Lima Vaz, Professor de Filosofia da UFMG em Belo Horizonte, apresentou uma notável colaboração sob o título O Ethos da Atividade Científica. A enorme erudição do pensamento clássico e moderno no trabalho do Prof. Vaz qualifica especialmente seu ensaio. O Prof. Wilson de Lyra Chebabi, médico e psicanalista no Rio, apresentou O Ethos da Atividade Clínica. O trabalho se recomenda sobremaneira pelo seu conteúdo eminentemente pastoral.

    Nas Comunicações reunimos outras contribuições à Semana. O Prof. Beni dos Santos, Prof. de Teologia Moral em S. Paulo, abordou a difícil problemática da Lei Natural e Ética de Situação. Seu trabalho recolhe as principais opiniões hoje correntes sobre o assunto. J. B. Libanio, Professor de Teologia Sistemática na PUC do Rio de Janeiro, estudou principalmente a relação entre Pecado e Culpa. Seu ensaio recolhe as discussões mais recentes sobre o tema e aprofunda uma linha, a da opção fundamental.

    As discussões que se seguiam às apresentações transcorreram num nível elevado, notando-se aqui e acolá os acenos para o caráter ético da problemática social vivida na A. Latina.

    Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator

  • Os oitenta anos de Alceu Amoroso Lima
    v. 33 n. 132 (1973)

    A REB de dezembro é dedicada especialmente ao grande pensador católico leigo Alceu Amoroso Lima. O testemunho de sua atividade ao longo de quase cinquenta anos de atividade em vários campos do saber honra a inteligência que encontrou na fé não o seu limite mas o Ilimitado de sua abertura. Sua Meditação do Ocaso revela, aos oitenta anos, uma juventude que antecipa a eterna juventude dos comprehensores.

    O artigo de Dom Pedro Paulo Koop, Uma Visão Pastoral Nova, vale como um desafio. Com profunda agudeza detecta os problemas da pastoral numa situação-limite como a nossa no Brasil. Não se lamúria. Pensa e faz pensar. Sugere uma saída redentora. Fazemos votos que seu estudo provoque a discussão e gere a luz criadora de que precisamos.

    O estudo de E. Hoornaert, Formação do Catolicismo Guerreiro no Brasil (1500-1800), nos deixa entrever o que será sua História Eclesiástica do Brasil, cujo primeiro volume será lançado pela Vozes no primeiro semestre de 1976. O estudo inverte a concepção comum dos fatos: vê a história a partir dos sem- história, dos humilhados e ofendidos. Não será neles que Deus revela ainda hoje seu desígnio crítico e salvador para a Igreja?

    O artigo do Pe. Antônio da Silva Pereira, Participação Ecuménica na Eucaristia, vem completar a série já publicada nesta revista. Oferece uma base eclesiológica e sugestões concretas para um alargamento da atual legislação eclesiástica. Recomendamos vivamente os estudos do Pe. Pereira, pois revelam uma incomum competência e fazem avançar os problemas numa dimensão eclesial e original.

    Das Comunicações relevamos especialmente dois estudos: um de Frei Boaventura Kloppenburg, atualmente ainda trabalhando no Secretariado para a União dos Cristãos, intitula-se O Problema dos Seitas no Contexto Ecumênico e traz luzes que iluminam nossos problemas brasileiros. Outro de Frei Francisco Cartaxo Rolim, intitulado Pentecostalismo. A propósito do Pentecostalismo o A. elabora uma hermenêutica do fenômeno da religiosidade popular que nos parece de grande poder explicador.

    A REB deseja a todos uma profunda vivência do Natal como festa da radical Humanidade, dentro da qual Deus mesmo se encontra. Grande coisa deve ser o homem para Deus ter gostado de encontrar nele sua própria tenda!

    Leonardo Boff, O.F.M.

    Redator da REB

  • Verdadeiros e Falsos Profetas
    v. 33 n. 131 (1973)

    No primeiro artigo Verdadeiros e Falsos Profetas, o jovem professor franciscano de Petrópolis Frei Ludovico Garmus apresenta uma problemática que desde o Antigo Testamento até hoje nada perdeu em atualidade. O ensaio é extremamente rico em dados, ressaltando a crítica que faz a todos os critérios de discernimento do verdadeiro do falso profeta.

    José Comblin, teólogo belga que no exílio muito ama o Brasil, conclui seus três estudos sobre a Atualidade da Teologia da Missão, abordando o caráter histórico da missão. Este não reside em expandir o atual catolicismo, mas em criar novas Igrejas que regenerarão as antigas Igrejas.

    Em seu estudo sobre o Compromisso do Cristão com o Mundo na teologia de M.-D. Chenu, Frei Antônio Moser confronta as estruturas do mundo do trabalho moderno com suas características de opressão com as exigências de reforma e conversão do Evangelho. Este trabalho nos fará compreender, quem sabe, melhor a própria situação em que nossa pátria está vivendo.

    O artigo de Adriano van den Berg A SS. Trindade e a Existência Humana apresenta um acesso experimental a esse profundo mistério que muito auxiliará à espiritualidade.

    Da Documentação damos especial realce às reflexões do Arcebispo D. Fernando Gomes dos Santos sobre o direito que assiste à Igreja de opinar sobre Política Econômica. Estas reflexões visam elucidar as ambiguidades surgidas pela alocução do Card. D. Vicente Scherer no programa radiofônico A Voz do Pastor e reproduzidas pela imprensa sob o título Não cabe à Igreja opinar sobre Política Econômica.

    As comunicações recolhem bons ensaios dos quais relevamos o de Jaime Snoek acerca da problemática atual em torno à Moral Fundamental.

    Com todo seu rico material a REB não visa outra coisa que fornecer a seus leitores reflexões sérias sobre problemas que tocam de perto à nossa fé, vivida e articulada dentro do mundo pluralista, convidando todos a alargarem seus horizontes e tentarem captar aí dentro um sentido mais profundo que nos vem de Deus.

    Leonardo Boff, O.F.M.

  • O compromisso do Cristão com o Mundo
    v. 33 n. 130 (1973)

    O primeiro artigo do jovem professor de Teologia Moral em Petrópolis Frei Antônio Moser — O compromisso do cristão com o mundo na teologia de M.-D. Chenu — releva um dos aspectos mais importantes da teologia das realidades terrestres, a saber, a teologia do trabalho. O A. faz de Chenu seu ponto de partida para daí aprofundar criticamente o tema.

    A pesquisa de Frei Simão Voigt — Paulo deseja ser Anátema por seus irmãos judeus (Rom 9,3). Proposta de uma interpretação diferente — apresenta um caminho original em exegese e cremos mesmo que encontrou o sentido de uma das passagens mais enigmáticas do Corpus Paulinum. Anátema significa não execração mas prenda e oferenda. O trabalho é fruto de anos de pesquisa sobre fontes as mais variadas.

    O artigo do Pe. Antônio da Silva Pereira — Participação ecumênica na Eucaristia à luz do Vaticano II, do Diretório Ecumênico e da Instrução do Secretariado para a união dos cristãos — faz uma análise muito lúcida e um discernimento crítico sobre esses importantes documentos. Como de outras vezes o A. revela grande equilíbrio teológico, sabendo apontar os limites, mas principalmente relevando os caminhos novos que a reflexão teológica propõe a esse difícil problema ecumênico.

    O trabalho de Frei Boaventura Kloppenburg historia o estado atual das discussões ecumênicas acerca dos ministérios. Se em importantes pontos doutrinários se chegou, no Ecúmeno, a um largo consenso, o diálogo se atropela na problemática eclesiológica dos ministérios. O A. mostra as aproximações e as divergências atuais.

    Das Comunicações ressaltamos especialmente a contribuição do Pe. João Batista Libânio que encerra suas ricas ponderações sobre a Pastoral de Juventude. Os párocos lerão com grande proveito a comunicação de Frei Alberto Beckhäuser sobre as Riquezas do Novo Missal editado em português pelas Vozes e pelas Paulinas.

    Auguramos aos leitores da REB bom proveito com o estudo destes ensaios. É medindo-nos com a reflexão teológica que nos capacitamos cada vez mais a captar, na obediência, a Palavra de Deus que nos fala pela vida.

    Leonrdo Boff, O.F.M

  • As Eclesiologias do NT
    v. 33 n. 129 (1973)

    A REB felicita e se congratula com Dom Paulo Evaristo Arns por sua elevação ao Colégio Cardinalício. Por longos anos colaborou na revista e militou com o grupo de professores de Petrópolis que a mantém. Nele vemos a inteligência fina unida ao tato pastoral que nos faz recordar os Bispos da Igreja Antiga nos quais se congraçava a teologia, a espiritualidade e o pastoreio. Que este passado continue a se tornar nele presente e futuro.

    O primeiro artigo de J. Comblin prossegue as reflexões sobre a teologia da missão; a grande atualidade do tema é indiscutível e vem ao encontro de inquietudes de não poucos pastores e teólogos.

    Os artigos de Paul Ruijs — Estruturas Eclesiais no Novo Testamento à luz da vontade de Jesus — e de Alberto Antoniazzi — A pluralidade dos ministérios no Novo Testamento — reproduzem duas conferências pronunciadas na III Semana Teológica de Petrópolis nos dias 1-4 de fevereiro do corrente ano. O resultado destes estudos é libertador: mostram-nos, à maravilha, como o NT era pluralista nas formas de articulação organizacional da mensagem e da Igreja de Jesus Cristo, e como isso continua a ser um convite para a Igreja de hoje no sentido de aceitar as diferenças nas Igrejas Particulares coexistindo dentro da mesma Una Catholica.

    O artigo dos Professores C. A. de Medina e P. A. Ribeiro de Oliveira sobre uma perspectiva sociológica da Igreja Católica no Brasil, também pronunciado como conferência na III Semana Teológica, se reveste de grande importância, por mostrar como estruturalmente funciona a Igreja-Sociedade dentro do eixo bispo-padre-fiel e como esse esquema entrou, nos tempos modernos, numa profunda crise. Apresentam, à luz do Concílio Vaticano II, uma alternativa possível e fiel à tradição essencial na linha da circularidade bispo-padre-fiel.

    O artigo do Mons. R. Mascarenhas Roxo — Sacramentos nas “Igrejas Brasileiras” — se recomenda especialmente por responder a problemas concretos suscitados pelas Igrejas Brasileiras.

    Comunicações recolhem preciosas contribuições. Poder e Autoridade no Cristianismo, da Prof. Emmanuel Carneiro Leão, oferece uma reflexão profunda, a partir do pensamento radical, sobre o relacionamento difícil entre Autoridade, radicada no Mistério, e Poder, fundado numa articulação concreta e por isso sempre limitada da Autoridade. Destacamos ainda o estudo do Prof. E. Hoornaert — Para uma História da Igreja no Brasil — e o ensaio do Prof. J. B. Libânio — Reflexões Teológico-Pastorais sobre os Movimentos de Juventude no Brasil — extremamente útil para todos quantos estão empenhados neste tipo de pastoral no Brasil.

    Leonardo Boff, O.F.M.

  • Qual o Sentido da Missão Hoje?
    v. 32 n. 128 (1972)

    O primeiro artigo, de Frei Hermógenes Harada, é profundamente questionador da estrutura dos cursos de renovação que se multiplicam dia a dia dentro da Igreja. Que visam eles? Manter-nos informados de tudo o que achamos de importante para nos assegurar que vivemos, que fazemos pastoral e que assumimos seriamente o confronto fé e vida, Igreja e mundo? O A. tenta mostrar que a formação permanente consiste no constante mergulho no Mistério que chamamos Deus, diante do qual estamos sempre na ausculta e na receptividade da Gratuidade.

    A Atualidade da Teologia da Missão, do conhecido teólogo José Comblin, vem responder a uma pergunta que muitos hoje fazem: tem sentido a missão no mundo de hoje? O A. mostra seu sentido profundo e permanente. Ela se baseia na missão de Jesus Cristo. Esse é o ponto de partida e heurístico para sabermos o que significa missão e onde percebemos sua atualidade.

    O artigo de Emmanuel Bouzon A mensagem Teológica do Immanuel nos dá a conhecer um exímio exegeta. É uma reflexão séria do célebre texto de Isaías 7 que serve de preparação teológica para a festa do Natal.

    O artigo do Redator desta revista A Mensagem da Bíblia hoje, na Língua Secular, procura deslindar a atualidade da Bíblia. Esta atualidade não deriva dos estudos atuais bíblicos, senão da própria fé, enquanto esta consiste na abertura do homem para o Mistério de Deus e sua acolhida graciosa. O que faz a Bíblia atual é a fé, o Espírito que ela testemunha, Espírito e fé que ainda hoje estão produzindo testemunhos. É o mesmo Deus que na Bíblia e em nossa vida fala, na diferença de línguas e de expressões.

    O estudo de Antônio da Silva Pereira A Igreja de Jesus Cristo e sua Unidade à Luz do Vaticano II vem completar o anterior publicado na REB de setembro. É uma reflexão minuciosa sobre as dimensões da Igreja que sempre transcendem aquelas que nós, com nossas estruturações eclesiásticas e jurídicas, legitimamente estabelecemos. Procura, a partir do mistério da Igreja, re-situar o direito, alargando suas atribuições e ressaltando sua especificidade dentro do cristianismo.

    A REB deseja a seus leitores Felizes Festas de Natal. Que o Menino-Deus, que um dia nasceu entre nós, continue a nascer e a crescer até o Seu definitivo Advento.

    Leonardo Boff, O.F.M.

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