v. 35 n. 138 (1975): A Igreja que nasce do Povo
O artigo de Frei Carlos Mesters O Futuro do nosso Passado apresenta talvez as reflexões mais pertinentes até hoje feitas no Brasil sobre Comunidades Eclesiais de Base. Apoiado em testemunhos concretos, transcende essa concreção e limitação e se alça para as verdadeiras dimensões de um ensaio de eclesiogênese; é por aí que caminha o futuro da Igreja.
José Comblin continua presente no Brasil mediante seus ricos artigos. Agora com o estudo A missão do Espírito Santo apresenta uma série de reflexões importantes para discernir o que será a Igreja de amanhã. O que admira em Comblin é a mordência de sua reflexão. Ao lado da mística, há uma notável capacidade analítica.
A Igreja, uma Comunidade Libertadora e Criadora? é a contribuição de E. Samain. Grande especialista em S. Lucas, oferece-nos aqui reflexões sobre Pentecostes com uma profundidade nunca dantes lograda nesta revista.
O Pe. Enzo Campos Gusso transmite-nos sua larga experiência universitária com o artigo Subsídios para uma Pastoral Universitária. Todos quantos trabalham com universitários ser- lhe-ão gratos por estas oportunas reflexões.
Nos Comunicados ressaltamos de modo todo particular o artigo de Eduardo Hoornaert A Tradição lascasiana no Brasil. O A. mostra como sempre esteve na memória da Igreja no Brasil a defesa dos injustiçados, dos índios, dos negros e dos oprimidos de hoje.
Interessante também o artigo Liturgia e Valores das Culturas Nativas, mostrando a atual fase da reforma litúrgica.
Frei Boaventura relata o desenvolvimento no consenso entre Luteranos e Católicos nos USA acerca do Primado Papal.
A pesquisadora Marie Madeleine Breeveld tenta rever, em sua aplicação à religiosidade vigente no Brasil, o conceito de sincretismo.
A riqueza do material apresentado nos coloca, assim esperamos, em contato com o que há de sério na reflexão teológica do Brasil e nos ajudará certamente a melhor entender a realidade para atuarmos mais eficazmente.
Leonardo Boff, O.F.M.
Redator da REB