Vol. 73 No. 291 (2013): Renovação pré-Vaticano II

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Editorial

Concílio Ecumênico Vaticano II: uma referência, especialmente para a Igreja católica. Não é novidade afirmá-lo, como também, respeitadas algumas nuanças, em relação aos anteriores Concílios ecumênicos. Todos eles são marcos referenciais da/na Tradição da Igreja católica. Mas, há cinquenta anos do Vaticano II retomamos este evento, reinterpretamos seu sentido, destacamos novos aspectos. Várias iniciativas podem ser registradas neste sentido. Também nas páginas da REB, mesmo sem ter havido uma promoção especial, não é difícil constatar a importância da referência ao Vaticano II. Neste mesmo fascículo Antonio Luiz Catelan Ferreira, levado pela determinação de entender ainda melhor o evento conciliar e focando em sua eclesiologia, empenha-se em desvendar sua preparação. Não a preparação imediata e como tal, mas – e já como resultado –, o processo por ele qualificado como renovação eclesiológica. Portanto, conclui, o Concílio e os grandes consensos então manifestados são fruto também do permanente e dinâmico processo de vivência eclesial, de Igreja inserida na dinâmica da história humana e, nela, tecendo sua própria história de fé e de testemunho evangelizador. Assim, antes do Concílio; assim, depois dele. Este panorama não diminui a luminosidade do evento conciliar do Vaticano II propriamente dito, mas ajuda a identificá-lo ainda mais como evento eclesial no seu todo.

Se Catalan Ferreira enfoca a eclesiologia, João Décio Passos, o leigo. Este situa a noção de leigo do Concílio a partir do conceito moderno de sujeito, ou seja, de indivíduo consciente, autônomo e ativo. Assim, o Concílio vê o leigo como sujeito individual e coletivo e, em razão de seu batismo, como membro do Corpo de Cristo, donde lhe advém a missão, os direitos e os deveres de membro da Igreja e segmento organizado da mesma.

E, como todo sujeito tem seu próprio caminhar histórico, assim também com relação o leigo na Igreja católica. Com Sávio Carlos Desan Scopinho acompanhamos a evolução da compreensão do leigo, como sujeito coletivo, como laicato, na Igreja latino-americana, através das Conferências gerais pós-conciliares. Desta vez Scopinho se pergunta pela compreensão de laicato por parte do Magistério Eclesiástico, conforme expresso no Documento da Quarta Conferência, a de Santo Domingo, em 1992. O que foi expresso nesta Conferência ajudará a entender a progressiva compreensão de laicato no pós-concílio e, há pouco, na Conferência de Aparecida, que será objeto de outra abordagem.

O professor Argemiro Procópio Filho apresenta como pano de fundo alguns traços da cultura atual, denominada, por alguns de seus aspectos, de pós-cristã. Este pano de fundo serve como ponto de partida para levantar sugestões ou hipóteses de como a Igreja católica, quer estando na linha de frente deste processo, quer a reboque dele, poderia criar mecanismos para manter, adequar e desenvolver canais de diálogo com as igrejas particulares, com as conferências episcopais, com pessoas e entidades humanas, nas diferentes culturas em que se distinguem.

Ainda situando-nos a sociedade pós-secular, outro termo para sinalizar algumas características da cultura atual, globalizante, Paulo César Nodari se pergunta como articular saber e crer, ciência e fé. Com Jürgen Habermas afirma que esta articulação é uma chance de relevante importância para o diálogo, a compreensão e a vivência da fé e do saber nos dias atuais. Não é por acaso que se fala da necessidade de redizer as razões da fé, de refazer o primeiro anúncio.

Paulo Sérgio Lopes Gonçalves, correlacionando Martin Heidegger e Karl Rhaner, busca luz para compreender e exprimir em linguagem atual o encontro de amor entre Deus e o ser humano, sintetizado na tradição cristã pela Revelação.

Agradecendo aos colaboradores deste fascículo, a REB lhe deseja proveitoso diálogo.

Elói Dionísio Piva ofm

Redator

Published: 2013-10-22

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