v. 61 n. 243 (2001): Migrações internacionais

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Juntamente com incontestáveis sucessos científico-tecnológicos e melhorias na qualidade de vida para milhões de pessoas, o atual processo de globalização também traz o germe de uma nova questão social. Mutatis mutandis, a relação entre ciência, capital, tecnologia, justiça social e a Primeira Revolução Industrial pode ser feita agora com a globalização. A concentração do domínio tecnológico, do capital, dos meios de produção e dos decorrentes dividendos, em escala quase mundial, também coloca milhões de pessoas na dependência e na miséria. A maravilhosa criatividade da inteligência humana em descobrir segredos da vida ainda não está conseguindo repartir as descobertas e seus dividendos de uma maneira mais idealmente eqüitativa. Portanto, o desafio e a possibilidade de a consciência humana, cristã e católica ajudar a globalizar a solidariedade e a revigorar as esperanças no futuro terrestre da humanidade se reapresentam.

As migrações internacionais, mais ou menos forçadas, são um sub-produto desta nova questão social. Em função disso, Rosita Milesi, Margherita Bonassi e Maria Luiza Shimano, além de nos reapresentar o atual fenômeno migratório internacional, nos indicam entidades confessionais que atuam com migrantes brasileiros no exterior e com não-brasileiros no Brasil. Apresentando-nos o fenômeno e seus principais desafios, chamam a atenção para uma das atuais preocupações e ocupações de entidades confessionais e, por elas, de todas as igrejas.

As vésperas de um sínodo de bispos, que tratará da missão dos próprios bispos na Igreja católica, Bárbara Pataro Bucker aborda algumas representações de "Igreja". Embora claudicantes, elas nos ajudam, cada uma a seu modo, a entender o mistério da Igreja, sua missão no mundo e, portanto, também a dos bispos, Aqui, a Autora acentua a imagem de "Esposa de Cristo", contemplando assim a importância da presença feminina e sua emergência em nossos tempos.

Frei Bernardino Leers, abordando aspectos do catolicismo popular brasileiro, defende a seguinte tese: sua expressão dolente não é somente resultado da vida sofrida da maior parte de nosso povo; é também uma herança jansenista. E, comparando algumas caracteristicas desta herança com a atuação de Jesus de Nazaré, chega à conclusão de que não há como não contestá-la.

O diálogo intercultural é uma platafonna viável para o entendimento humano. a construção da paz e da justiça, segundo Paulo Suess. Inspirando-se em Nicolau de Cusa e em Mestre Eckhart, ele afirma que a articulada concomitância de semelhanças e diferenças culturais aponta para o encanto e o desencanto da história humana, indicação da parcialidade e da plenitude de cada cultura.

Enfim, Nilo Agostini nos ajuda a tomar consciência da relação entre manipulação do genoma humano e questões éticas. Os avanços da capacidade de manipulação biológica, particularmente no que se refere à biologia humana, abrem novas perspectivas, que tanto podem se revelar perversas como promotoras da vida. Por isso, a responsabilidade do ser humano diante de si mesmo e da vida aumentou. Mais decisiva é e será sua postura ética.

Elói Dionisio Piva, ofm

Redator
Publicado: 2001-09-30