Vol. 63 N.º 252 (2003): ALCA: por uma negociação justa

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Avançam as negociações para o estabelecimento da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA). Independentemente do rumo que o acordo tomar, as incidências sobre as condições de vida da população serão significativas, se ele for firmado. Ora, também a Igreja Católica, cuja missão é viver e anunciar a Boa-Nova do amor misericordioso e justo de Deus que, em Jesus Cristo, une céu e terra, transcendência e imanência, não pode não levar em conta as condições do ser humano. Antes, ela se sente naturalmente na obrigação de contribuir, de alguma forma, também neste processo. Além de razões de princípio, no atual momento, preocupam-na o modo como estão sendo conduzidas as negociações, preocupa-a o desafio que a disparidade econômico-social dos países envolvidos representa, preocupa-a o acento quase exclusivo no aspecto econômico sem levar em conta a integração social, preocupa-a o precedente do TLCAN (Tratado de Livre Comércio da América do Norte). Em função desta consciência, neste fascículo, Juan Hernández Pico analisa a ALCA do ponto de vista ético e teológico, perguntando: as negociações estão levando em conta o aspecto humano na integração econômica? As vantagens serão solidariamente distribuídas? O direito dos mais pobres está sendo (e será) levado em consideração? Finalizando, e diante de graves distorções que até agora podem ser percebidas nas pouco transparentes negociações, ele convida a todos para que, de algum modo, contribuam para corrigi-las em tempo.

Sinivaldo S. Tavares explicita alguns aspectos da inesgotável riqueza da celebração eucarística. A Igreja celebra a Ação de Graças com Cristo, entrando, por Ele e com Ele, em comunhão com Deus-Pai. A Eucaristia também funda a Comunidade eclesial, reforça e fundamenta, ética e teologicamente, seu compromisso social. Não há, pois, como celebrar a Eucaristia e ficar indiferente às questões econômico-sociais que nos dizem respeito, entre outras.

A Igreja Católica no Brasil se propõe neste ano retomar a reflexão de sua vocação batismal – convite para o seguimento de Jesus Cristo no hoje de nossa história pessoal e social. Isidoro Mazzarolo, partindo do evangelista Marcos, aborda algumas das principais características deste seguimento e, em particular, o desafio que ele implica: assumir com amor e fidelidade o ônus decorrente.

De certa maneira, quando dizemos, em termos atuais, que a evangelização é a razão de ser da Igreja, entendemos falar de sua vocação missionária. Vocação, porque todos participamos da missão de Deus que transborda na história em Jesus Cristo; missão, porque, como seus seguidores, somos impelidos a colaborar para a transformação do mundo, no sentido de que em tudo ele seja sempre mais de todos, integrado, humano, fraterno, portador da imagem e semelhança do Deus de Jesus Cristo. Paulo Suess e Carlos Eduardo Brandão Calvani, também em sentido de colaboração no diálogo intracristão, contribuem para uma rica articulação da missão de Deus – missão das igrejas, cristãs neste caso.

Enfim, um olhar para um dos sinais mais promissores de nossos tempos: a evolução integrante e participativa da mulher em todos os âmbitos sociais, inclusive no eclesial. A abordagem de Olga Consuelo Vélez Caro tem como objetivo rastrear, no interior da Igreja Católica e através dos principais e mais recentes documentos pontifícios e do Vaticano II, esta evolução e estimular o engajamento de todos para que este reconhecimento e esta conquista de dignidade e participação continuem e se acelere.

Às leitoras e leitores, a Redação deseja que as colaborações aqui apresentadas estimulem a interação entre prática pastoral e reflexão.

Elói Dionísio Piva, ofm

Redator

Publicado: 2003-05-20

Artigos

  • Onde está Deus na ALCA? Deus luta conosco por uma negociação justa

    Juan Hernández Pico
    771-806
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v63i252.1758
  • Eucaristia: pluralidade de dimensões na unidade do mistério

    Sinivaldo Silva Tavares
    807-828
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v63i252.1759
  • Vocação ao discipulado e o sono do Getsêmani: (Mc 3,13; 14,32-42)

    Isidoro Mazzarolo
    829-850
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v63i252.1760
  • Identidade e missão – perspectiva anglicana

    Carlos Eduardo Brandão Calvani
    851-868
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v63i252.1761
  • A missão de Deus e a comunidade missionária. Fundamentos, desdobramentos, compromissos

    Paulo Suess
    869-882
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v63i252.1762
  • A mulher em documentos eclesiais

    Olga Consuelo Vélez Caro
    883-896
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v63i252.1763

Comunicados

  • A liturgia dominical como escola da fé

    Johan Konings
    897-900
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v63i252.1764
  • As novas Diretrizes Gerais da CNBB

    Demétrio Valentini
    901-913
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v63i252.1765
  • O retorno de São Sepé

    Antônio Cecchin
    914-920
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v63i252.1766
  • Brincando de cabra-cega: Igrejas Cristãs e seu relacionamento com adolescentes urbanos

    Paulo Fernando Dalla-Déa
    921-929
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v63i252.1767
  • O fetichismo da mercadoria e do dinheiro em Marx

    Dirceu Benincá
    930-940
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v63i252.1768