Vol. 54 N.º 213 (1994): "Veritatis Splendor"
Abordando temas da atualidade teológico-pastoral, a REB pretende contribuir para a criativa recepção da “Veritatis splendor” e para o incremento da reflexão em tomo do tema da inculturação, do trabalho e da família.
Antes mesmo da publicação da Encíclica e logo que esta ocorreu veicularam-se as primeiras avaliações a respeito de seu conteúdo e forma. Em seguida, porém, o empenho para uma análise e compreensão mais ponderadas chega a resultados mais abalizados. A REB deseja continuar (cf. fasc. de dez./93, p. 935-937) neste esforço, a fim de que seus leitores possam avaliá-la de maneira sempre mais lúcida e eclesial. Para isso, tem a satisfação de apresentar o ensaio de leitura de Hubert Lepargneur. Ele se detém na elucidação dos conceitos básicos da Encíclica, que, ao enaltecer a dignidade da pessoa humana originada do Amor e a ele vocacionada, apresenta um pertinente diagnóstico da crise ético-moral da atualidade.
A reflexão sobre a inculturação do Evangelho está longe de se esgotar. Por exemplo, talvez não seja exagerada a constatação informal de que a maioria do clero tem dificuldade de compreender o homem urbano, embora a urbanização se constitua num dos dados sociológicos mais notáveis e óbvios da cultura ocidental moderna. Com efeito, os diversos encontros promovidos ultimamente têm o intuito de levar a uma tomada de consciência da cultura urbana e das decorrentes exigências de adequação da evangelização. A REB mantém e manterá este sinal de esperança na ordem do dia. A reflexão que ora apresenta tem o mérito de tomar óbvio a inculturação do anúncio da fé no plano prático, senão mesmo o de alargar os horizontes de compreensão da encarnação de Jesus Cristo. Paulo Suess, conhecido pesquisador do assunto, é quem nos brinda com esta rica contribuição.
No afã de ganhar o feijão e o arroz de cada dia, o trabalho, com suas possibilidades e seus limites, é preocupação cotidiana e, talvez, primeira, para a maioria das pessoas. A REB deseja ser portadora desta inquietação, que, por ser tão cotidiana, talvez até passe um tanto despercebida dos afazeres teológico-pastorais. A primeira contribuição é de Carlos Alberto Steil, que recolhe o despertar da consciência social e cristã do trabalho humano no Brasil. Contudo, se o interesse do leitor recair sobre a vocação do homem para a ação, a evolução dos instrumentos de trabalho e suas consequências sociais, Frei Luís Maria Sartori, com sensibilidade pastoral, lhe oferece um sugestivo depoimento; se preferir sondar as perspectivas que se abrem a partir da acelerada revolução tecnológica de nossos dias e os desafios sócio-religiosos dela decorrentes, é Bernardo Lestienne quem, do ponto de vista sociológico, apresenta um pertinente panorama da atual cultura do trabalho.
Finalmente, no âmbito do ano internacional da família e da CF/94, considerações de fundo a respeito do aborto e aspectos jurídicos do planejamento familiar. Assuntos delicados e conflitivos, que são tratados de maneira respeitosa, serena e competente por Cléa Carpi da Rocha.
Na esperança de contribuir para a eficácia da evangelização:
Frei Elói Dionísio Piva
Redator