V. 78 N. 310 (2018): Religião, Igreja e Política
Sugerimos destaque para a relação Religião-Igreja-Política. O resultado está no Dossiê desse número. Situamo-nos, pois, na relacionalidade do ser humano, implicando a dimensão religiosa e a Igreja católica. O que geralmente entendemos por “Religião”, “Igreja”, “Política” traz em si a marca da relação. Trata-se da convivência humana, convidada a incorporar sua própria transcendência nas relações interpessoais, no interno do eventual segmento afim, a respectiva igreja, em nosso caso, a católica, e no segmento civil, em nosso caso, o Brasil. Os autores que nos ajudam a pensar a relação proposta apresentam-nos alguns aspectos e situações que entendemos serem interessantes. Francisco Borba Ribeiro Neto inscreve a Igreja católica (podemos entender, imagino, os católicos) no contexto da atual polarização ideológica brasileira. Ele realça a importância da Igreja católica, no caso, como instância de promoção de diálogo e, portanto, de convivência social. Clélia Peretti e Karem Freme Duarte Sturzenegger “fotografam” a trajetória da inserção feminina nas mais expressivas manifestações do agir político brasileiro, a partir da Primeira República. Destacam o papel da Igreja católica no esforço de inclusão feminina. O caminho ainda pode e deve, porém, ser alargado, concluem. Rogério Luiz de Souza, aponta que a estrutura paroquial serviu de ponto de partida para a organização civil republicana do Brasil. Áurea Marin Burocchi e Diego de Lima Dias focalizam o Amor (Espírito Santo) como fonte da articulação de relações humanas acolhedoras e vitalizadoras. Finalmente, Luiz Alexandre Solano Rossi e Nelber Rodrigues evocam a referência de Jesus: reconhecimento e reverência, acolhida e prestação de serviço, generosidade e plena doação de si.
Entre os Temas Variados deste número, em primeiro lugar, o laicato. Três enfoques. O primeiro, contrasta certa onda clericalizante e se apresenta como fruto do Ano do Laicato há pouco encerrado, Agenor Brighenti discorre sobre a situação atual dos leigos, na Igreja católica, e sua missão na mesma Igreja e no mundo. O segundo, proposto por Marcelo Barros, parte da eclesiologia de comunidade local para apontar a imediatez da presença e atuação de todos os batizados na missão de testemunhar o amor do Pai. O terceiro aponta para o passado recente do laicato no Brasil: o despertar nos anos de 1920 e a articulação em torno e a partir do Centro Dom Vital. João Miguel Teixeira de Godoy e Bruna Aparecida Miguel trazem este testemunho.
Fabiano Verlig visita a crítica à religião por parte dos mais conhecidos filósofos e cientistas sociais do século XIX. Eles contribuem para que a relação que se vislumbra a respeito de Deus não se fixe nela mesma e não deixe de ser ponte, tendo em Jesus Cristo sua expressão humana e divina. E, finalmente, Rita de Cássia Rosada Lemos, em amplo panorama, escreve sobre a Vida, pessoal e humana, enquanto pergunta, busca e realização de sentido.
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Elói Dionísio Piva ofm
Redator