V. 39 N. 154 (1979): Na Igreja, quem é Povo?
Os quatro artigos do presente número centralizam suas atenções sobre temas que interessam diretamente a Igreja no Brasil. O primeiro do Pe. Henrique E. Groenen pergunta pelo conteúdo analítico da expressão «povo» quando falamos de Povo de Deus. Como se depreende de suas exposições, a palavra encerra níveis de compreensão muito diversos, correspondendo a níveis diversos de realidade social, compreendidos pela expressão «povo». O autor procura — nisso está a utilidade do estudo — ver como estes distintos níveis afetam a realização da Igreja.
Frei Betto tem se mostrado um grande animador e analista da pastoral popular na Igreja do Brasil. Suas observações guardam um caráter testemunhal que ajudará a fazer a História da Igreja a partir dos olhos do povo e, ao mesmo tempo, traz um momento de lucidez em face de tantas ilusões em que pode cair uma pastoral voltada para os problemas do povo e feita pelo próprio povo cristão. O presente ensaio é muito útil para experiências afins.
Gilberto Vilar de Carvalho fez um estudo minucioso e original sobre a presença ativa do clero nas duas revoluções republicanas de 1817 e 1824, a sair em forma de livro pela Editora Vozes. Aqui apresenta um apanhado sucinto dos ideais libertários de Frei Caneca, de Arruda Câmara, de João Ribeiro, sacerdotes que podem ser considerados próceres da teologia da libertação no Brasil.
O país deve muito ao empenho e à competência do Pe. Rohr na preservação dos nossos sítios arqueológicos, especialmente dos sambaquis. Neste artigo, além de historiar o problema objetivo, conta suas lutas e lança um apelo para que o clero ajude a preservar o que é de todos, a memória nacional.
Nos Comunicados publicam-se dois trabalhos de teor crítico: um sobre os jovens de Juazeiro e sua devoção ao Pe. Cícero, de Therezinha Stella Guimarães, e outro do Pe. J. Konings sobre Canto litúrgico e canção religiosa. Queremos saudar vivamente a colaboração feminina de Therezinha Stella.
Leonardo Boff, O.F.M.
Redator da REB