V. 55 N. 220 (1995): Um evangelho muitas culturas

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Ao que parece, a família humana vai clareando a consciência de se constituir à semelhança de um tradicional, dinâmico, multicolorido e matizado mosaico cultural. Por isso, o reconhecimento da diversidade se impõe como expressão de reverência à dignidade humana, como condição e possibilidade de convivência enriquecedora. A busca e a celebração da Verdade última a respeito da pessoa humana passa por esta multifacética mediação cultural. Também o anúncio cristão da Vida acontece neste mosaico cultural. Incultura-se na proporção em que o anunciante reconhece a dignidade humana, mantém o compromisso com a Verdade, celebra c busca a plenitude da Vida.

Neste contexto plural, com Marcelo Azevedo somos convidados a proclamar a Boa-Nova de Jesus Cristo, glorificado na pluralidade cultural da família humana e crucificado em todas as formas ou tentativas de reducionismo e exclusivismo.

Com Alberto Beckhäuser somos convidados, como Igreja, ao constante re-enamoramento do Criador, revelado em Jesus Cristo. Através da oração somos reconduzidos ao berço originante de toda cultura e, por isso, re-encontramos a dimensão de catolicidade. A “Liturgia das Horas”, em sua nova forma e em seu novo instrumental, oferece uma riqueza de possibilidades para este itinerário.

Com Armando Dias Mendes estendemos o horizonte do convívio com Deus, a todas as criaturas, irmanando-nos, a exemplo de São Francisco, no mútuo serviço, na mútua congratulação, na celebração da Vida. O horizonte da simpatia com todas as criaturas ilumina o caminho do desenvolvimento humano.

Com Jung Mo Sung sonhamos com o Deus da vida, através de justa e equitativa participação na produção e distribuição dos bens da terra, em contraste com a ganância e o desamor que produzem exclusão e morte.

Com Odilão Moura evocamos a memória e a contribuição religioso-cultural do padre Penido, por ocasião do centenário de seu nascimento.

Finalmente, com José Antônio Trasferetti rememoramos a figura humana e a atuação política de Vaclav Havel. “A Vida na Verdade” é seu lema, o que nos permite abrir uma janela para a CF/96, cujo tema central é “Fraternidade e Política”, e o lema, “Justiça e paz se abraçarão”.

Elói Dionísio Piva, OFM

Redator

Pubblicato: 2021-05-14