V. 62 N. 245 (2002): Jesus Cristo ontem e hoje

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No fluir do tempo e no peregrinar da história dispomos da referência fundante e orientadora de Jesus Cristo. A graça de sua luz nos ilumina e nos estimula na busca da nova criatura, de quem ele mesmo é o protótipo. Mas esta luz e este estímulo, a partir da experiência humana, se apresentam também como pergunta, cujas dimensões se abrem para além das representações que nos fazemos de Seu mistério. "Quem és Tu?" é pergunta que provém da percepção do divino, mas também pode se tornar uma provocação destinada a fazer com que a pessoa se dê conta dos limites de suas representações cristológicas. Buscando articular uma resposta, Sinivaldo Silva Tavares procurou resgatar as atitudes e a mensagem do Jesus histórico, testemunhadas pelos primeiros cristãos e codificadas nas redações do Evangelho do mesmo Jesus, o Cristo. Confrontou esta referência básica com algumas das atuais expressões e o resultado pode se apresentar como um desafio para muitas comunidades eclesiais na atualidade, particularmente em relação a representações em torno do "retorno ao sagrado", do "movimento pentecostal" e do "diálogo inter-religioso". Deste confronto decorre a pertinente relevância do referencial da Tradição cristã para a vida eclesial em diálogo com alguns aspectos da cultura religiosa moderna.

Que a reflexão teológica possa proferir uma palavra significativa para cristãos e católicos no atual contexto social latino-americano! E a intuição que Olga Consuelo Vélez Caro procura organizar racionalmente em seu texto sobre o Deus da Vida e alguns desafios atuais na América Latina.

António Mesquita Galvão faz uma reflexão a partir do confronto entre a parábola do rico insensível/do pobre Lázaro e o crônico desafio de toda a humanidade expressar maior justiça na produção e na distribuição de bens concernentes ao bem-estar físico e espiritual de todos.

A teologia, como acolhida de desafios sociais e como tentativa de resposta teo-lógica, pode contribuir na formação de universitários? João Luiz Correia Júnior nos mostra a im portância que ela pode desempenhar num momento, acrescentamos, em que a Teologia é reconhecida pelo Ministério da Educação e Cultura.

Michel Deneken, de Strasbourg/França, nos apresenta uma instigante e oportuna reflexão em torno da relação entre o magistério católico e a reflexão teológica. Ele argumenta no sentido de se passar, sem hesitação, da suspeita recíproca para a mútua vigilância, pois, na Igreja, todos somos ouvintes e servidores da Verdade que, em Jesus Cristo, se fez servidora.

Por sua vez, movendo-se em área próxima, Paulo Fernando Carneiro de Andrade dá um apanhado do atual debate em torno das Conferências Episcopais, ressaltando sua fundamentação teológica, seu múnus ministerial e a pertinência do princípio de subsidiariedade na Igreja.

Por fim, uma saudosa lembrança: a atuação de Dom Helder Câmara, apresentada por Severino Vicente da Silva: Dom Helder, sopro evangélico num tempo e num espaço socioeclesial bem determinados: 1964-1985 († 1999) – Arquidiocese de Olinda e Recife. Confira!

Nota: No intuito de alcançar a maioria dos leitores antes da "dispersão" de final/início de ano e logo após a "retomada" das atividades pelo final de fevereiro, a REB altera seu calendário: em lugar de se apresentar em março, junho, setembro e dezembro, passará a fazê-lo em janeiro, abril, julho e outubro.

Elói Dionísio Piva, ofm

Redator

Pubblicato: 2002-01-31