Vol. 32 No. 126 (1972): O Clero e a Independência

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A REB quis estar presente nas comemorações do Sesquicentenário. Apresenta dois estudos da lavra de conhecidos pesquisadores: o primeiro de Eduardo Hoornaert, do Recife, sobre As relações entre Igreja e Estado na Bahia colonial. Trata-se de um estudo histórico, orientado porém por uma preocupação mais fundamental, à qual somos hoje muito sensíveis: pode a Igreja realmente evangelizar de forma libertadora quando ela se mancomuna com o poder? O segundo do acadêmico e famoso historiador José Honório Rodrigues sobre O Clero e a Independência ressalta a participação inconteste do clero no processo e na instauração da Independência do Brasil. “Um povo abandonado pela metrópole, desilustrado, não educado pelo governo, o pouco que aprendeu deve-o ao clero... As grandes causas sempre tiveram ao seu lado os combatentes religiosos”. A participação atual do clero na arrancada do ajustamento social brasileiro se inscreve dentro de nossas tradições mais beneméritas. A pesquisa do Prof. Pedro A. Ribeiro de Oliveira sobre a Religiosidade Popular na América Latina revelou um fato digno da reflexão de todos: na Igreja latino-americana, marcadamente clerical, o leigo dificilmente tem acesso às constelações essenciais do catolicismo. O leigo está numa situação a ele imposta de imaturidade e de passividade. Extremamente orientador e de cunho eminentemente pastoral é o artigo do Prof. Pe. Jaime Snoek A Igreja perante o casamento fracassado. A vasta erudição, o equilíbrio e o senso eclesial deste teólogo nos garantem a validade de suas reflexões.

As comunicações são todas elas notáveis. Queremos ressaltar duas por sua relevância pastoral: a de Frei José Ariovaldo da Silva sobre a Experiência de Jesus Cristo na juventude hoje, uma primeira grande síntese do movimento, e a dos Padres José Sainz Artola e Daniel de Castro sobre a Pastoral da Missa do sétimo dia.

Leonardo Boff, O.F.M.

Redator da REB

Publié-e: 2022-09-29