v. 61 n. 242 (2001): Diálogo inter-religioso

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Graças ao potencial técnico-científico, o ser humano, social e dialogante, depara-se hoje, ao menos em tese, com um novo mundo. Um mundo de possibilidades que acenam para a riqueza da troca de bens, para uma melhor compreensão da própria identidade, para um diálogo plenificante. Um mundo também de desafios, dada a mais intensa interpelação vinda de outras culturas da vida e da salvação diferentes da nossa. Desafios que, para se tornarem chance de um mundo novo e melhor, requerem respeito e reconhecimento da verdade do outro. Nesta condição, eles se tornariam uma bênção, pois levariam a repensar o sentido da vida, a revelação de Deus, o sentido da salvação em Jesus Cristo. É neste contexto de multiplicada interação humano-religiosa que Agenor Brighenti aceita o desafio, posto pela Declaração Dominus lesus. Tece considemçöes de ordem teológica que predispõem ao diálogo e à busca da Verdade. Articula uma postura de obediência e co-responsabilidade criativas, na renovada tentativa de reconjugar o livro da vida com o da revelação dc Jesus Cristo. Este sincero e esperançoso empenho poderá ungir a prática da convivência humana, caracterizando o ser Igreja neste novo milênio.

Respondendo, justamente, ao desafio de ser Igreja nas circunstâncias sócio-culturais do novo milênio, a CNBB colocou à disposição das comunidades eclesiais um documento de incentivo e orientação: Ser Igreja no Novo Milénio. Este documento sintoniza com as orientações pastorais de toda Igreja, expressas na Carta Apostólica de João Paulo II: Novo Millennio Ineunte. Confira, na condução de Manoel Godoy, o perfil eclesiológico e a consciência de testemunho evangélico ali veiculados!

Por sua vez, Mário de França Miranda retoma a reflexão sobre a Igreja e sua missão evangelizadora no mundo de hoje, chamando a atenção para a importância da Igreja Local no processo de inculturação das expressões da fé. Conseqüentemente, sugere uma catolicidade dinâmica na diversidade cultural do Brasil.

Já faz 30 anos que Paulo VI lançou a Carta Apostólica Octogesima Adveniens. retomando e relançando a postura social da I greja nos tempos modemos. Muitas circunstâncias sociais de então já mudaram e continuam mudando, mas António Aparecido Alves tem o mérito de traçar o desafio que sempre acompanha o agir social: o desafio proveniente da relação deste agir com ideologias e utopias. Em que sentido, pois, "ideologia" e "utopia" se fazem presentes na açäo social da Igreja e o que podemos aprender com isso?

Concluindo a apresentação dos 50 anos de JUC no Brasil, Luiz Gonzaga de Sena recorda e aponta a experiência de vida cristã, feita pessoalmente nesta caminhada. A espiritualidade da JUC levou seus membros para uma atuação ad extra, em sociedade e na sociedade; influiu tanto na fonnação pessoal de seus membros, como na transformação social. rumo ao homem novo. A conjugação dos verbos no tempo presente, não seria uma meta também para hoje?

Enfim, neste fascículo, Nilo Agostini renete sobre a contribuição que a teologia moral pode oferecer à criação cultural. A pergunta que conduz a reflexão pode ser assim formulada: Qual a relação entre o instituído e a "construção" ética? Segundo o Autor, o teólogo moral contribui para afinar o ouvido à inspiração ética na mobilidade e no encontro sócio-cultural de hoje.

Conjugando Anúncio e situação sócio-cultural, que estas reflexões ajudem a todos!

Elói Dionísio Piva, ofm

Redator
Publicado: 2001-06-30