Vol. 69 Núm. 275 (2009): Paulo de Tarso evangelizador

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A Igreja católica, particularmente na América Latina e no Caribe através da V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano, realça, hoje, uma de suas dimensões constitutivas, congêneres e fundamentais: a de ser missionária da boa-nova de Jesus Cristo. Um sinal de apreço às suas próprias origens e de sintonia com a evolução sócio-cultural da história. A reflexão sobre a vida e a obra do Apóstolo Paulo contribui para reforçar esta consciência. Dando vez à missão do sacerdote, o ano paulino chegou a seu final. Mas São Paulo continuará, agora, certamente, ainda mais evocativo. “Ai de mim se não evangelizar”, escrevia! Evangelizar sem fronteiras, inserir-se em todos os espaços sociais e culturais, em todas as crises e buscas de caminhos, anunciando Jesus Cristo crucificado, esperança da glória, valor que ultrapassa todo e qualquer bem que se possa pretender neste mundo é missão que Paulo assumiu de modo paradigmático.

É, pois, como fruto do ano paulino e como propósito de dar continuidade à refontalização e atualização da Igreja que a REB tem a satisfação de se fazer porta-voz de teólogos e pastoralistas que oferecem sua contribuição no discernimento do que Paulo entendia por ser humano (Valdir Marques), no discernimento de sua força motriz, ou seja, de sua espiritualidade (Carlos Mesters e Francisco Orofino), de seu impulso evangelizador (Isidoro Mazzarolo) e de sua experiência de Jesus Cristo (Michel Sakr). Assim, confirmações podem hoje ser encontradas, descobertas podem hoje ser feitas, intuições podem hoje ser percebidas e, acolhidas, iluminar a Igreja.

Assim, ancorada em Cristo e atenta ao ser humano concretamente situado, particularmente em sua relação com a Mãe-Terra, a Igreja pode tirar de seu baú coisas novas e velhas. É neste sentido que José Wiliam Corrêa de Araújo sonda valores e desvalores do contexto sócio-cultural, designado, em sua evolução, de “modernidade” e “pós-modernidade”; e Agenor Brighenti, fazendo eco ao III Fórum Mundial de Teologia e Libertação, identifica gritos que vem da Amazônia, ou seja, interpelações éticas referentes à ação humana naquele contexto social e biológico, mas que alcançam o pensar e o agir do mesmo ser humano no mundo de hoje, seja em relação a si mesmo seja em relação à Criação.

Retomando a pergunta pela perspectiva e pelo sentido do agir humano, peregrino do absoluto, da perfeição no amor, Vinícius Augusto Ribeiro Teixeira evoca uma das mais belas explicitações do Vaticano II (no cinquentenário de seu anúncio): a vocação universal à santidade. É o horizonte utópico (ser santos como Deus é santo) que transforma e renova o horizonte histórico. É a avenida que, na profusão da cidade humana, orienta “motoristas” e “pedestres”.

Por fim, neste fascículo, a retomada da vocação missionária da Igreja, segundo a lúcida, corajosa e oportuna explicitação da V Conferência do Episcopado Latino-americano, em Aparecida. É Stefano Raschietti que indica a trilha desse garimpo.

Elói Dionísio Piva ofm

Redator

Publicado: 2009-03-13