Vol. 77 Núm. 305 (2017): Reforma - 500 anos
Apresentação
Ano de 2017 – 500 anos da Reforma desencadeada por Martinho Lutero e pela reação de diversos atores que se moveram, todos eles, no contexto sócio-eclesial de seu tempo. Para dar realce a esse marco do Movimento reformador cujos desdobramentos marcaram e marcam social e eclesialmente de modo particular a civilização ocidental, acolhemos a sugestão da Comissão Teológica Latino-americana da ASETT/EATWOT, que propôs um mutirão de revistas latino-americanas para replicar, a nosso critério, matéria relativa à temática da referida Reforma.
Assim, a REB realça o tema e o apresenta de acordo com os colaboradores constantes desse número. Não se trata de uma cobertura sistemática e de largo alcance. É um realce. Um realce que, porém, não significa desconsideração ao tema. Um realce que aponta, sim, seja para o conceito filosófico-teológico de Reforma, seja para o horizonte ecumênico e inter-religioso, seja ainda para a emergência do pluralismo cultural e religioso que o desenvolvimento sociocultural evidenciou. Situando-se neste patamar, não se fixa, portanto, no evento da Reforma luterana propriamente dito nem em seus desdobramentos imediatos, mas procura, por um lado, sondar a contribuição que esse movimento de reforma traz ou poderia trazer para o cristianismo e, por outro, conjugar diretrizes da tradição religiosa cristã com elementos que advém da evolução sociocultural. Assim:
Cláudio de Oliveira Ribeiro, a partir de reflexão em torno das perspectivas teológicas e pastorais da Reforma luterana, apresenta desafios e possibilidades de reforma para os dias de hoje, principalmente em relação ao pluralismo religioso e à sexualidade.
Benedito Ferraro, assinalando a constância de movimentos de reforma e de conflitos no interior da Igreja de Jesus Cristo, desembarca na consciência de que a Igreja sempre se encontra em processo de revestir-se de novas formas, e, principalmente, de costurar comunhão na diversidade, a partir do seguimento de Jesus Cristo.
Gelson Luiz Mikuszka, procurando uma contribuição da Reforma luterana para a Igreja católica, hoje, encontra-a na chave de leitura da justificação pela fé, ou seja, no acento do encontro com Jesus Cristo, de quem parte o envio evangelizador.
Roberto Ervino Zwetsch, com o olhar estendido ao Continente latino-americano e nele à constatação de tão variados e extensos sinais de morte, pergunta se a teologia da Reforma pode contribuir para a manutenção e até mesmo para o renascimento da esperança cristã e do empenho pela justiça; e ele encontra resposta na teologia da cruz, desenvolvida por Lutero e pela tradição teológico-pastoral da Reforma.
Já Sílvio José Benelli e Samuel Iauany Martins Silva desejam caracterizar o movimento da Renovação Carismática Católica. Na pressuposição de que, enquanto intuição de “renovação”, o Movimento traz algo da noção de reforma, com espírito crítico, os autores procuram caracterizar esse “algo”, através de uma análise institucional.
E Elias Wolff, focalizando o Movimento ecumênico no Brasil, evidencia a espiritualidade que o sustenta; ao realçá-la, ele a repropõe, com o fim de alavancar o Movimento.
Elói Dionísio Piva ofm
Redator