Vol. 62 Núm. 246 (2002): Presbíteros e cargos políticos

					Ver Vol. 62 Núm. 246 (2002): Presbíteros e cargos políticos

Por ocasião da transmissão de governo e dentro do processo democrático, a proximidade de mais um turno eleitoral para cargos públicos nos oferece oportunidade para refletir sobre a função específica do presbítero. Isto porque, sendo cidadãos de plenos direitos e deveres, vários padres se candidatam para concorrer a funções públicas, dentro do sistema partidário. O assunto merece nossa atenção, pois nos pode ajudar no discernimento do papel político do presbítero ou do padre. Embora a porta para o exercício de funções civis permaneça aberta, há também uma função própria ou específica do presbítero – uma função que é sobretudo uma vocação. O assunto não é de fácil resolução e, por isso, o Pe. José Lisboa Moreira de Oliveira se propõe a estimular os leitores na busca de critérios tanto para se concorrer a cargos públicos, como para se ter presente o que é próprio e peculiar do presbítero.

Dom Aloísio Lorscheider também toca um tema de muito interesse, particularmente para o clero: seu perfil espiritual e pastoral. Ele desenvolve uma abordagem amparada num lastro tradicional, e uma outra decorrente da eclesiologia do Vaticano II e das conferências gerais do episcopado latino-americano. Ele nos propõe o perfil do padre que, a partir de sua fé, se projeta para dentro da vida e da sociedade humana. Este perfil está relacionado à própria razão de ser da Igreja: congregada por Cristo, por ele é também enviada a testemunhar ao mundo o Evangelho do Pai. Além disso, a temática nos coloca em sintonia com as conclusões do 9o Encontro Nacional de Presbíteros, cuja mensagem final pode ser encontrada na seção de Comunicados.

Jesus Cristo, personificação da Boa-Nova, é também para todos o modelo de fidelidade ao Pai. O Pe. José Otacílio Leite nos apresenta uma provocadora reflexão, partindo das tentações de Jesus. Dimensiona-as ao conjunto do percurso humano de sua vida e estabelece algumas pontes para nosso atual contexto cultural, marcado pelo neoliberalismo e pela pós-modernidade.

O tema da “terra sem males”, que nos orientou, durante a quaresma deste ano (CF 2002), para uma vivência pascal, nos remeteu também à busca de justiça em favor de nossos irmãos indígenas. Crentes de que esta justiça não irá longe se não nos dispusermos a conhecê-los e a valorizá-los, a Dra. Graciela Chamorro nos apresenta um estudo sobre a soteriologia guarani, onde se pode perceber e admirar como sua antropologia e teologia da Palavra estão próximas da concepção cristã ou vice-versa.

Por fim, o Prof. José Antônio de Camargo Rodrigues de Souza, que há pouco defendeu tese sobre o pensamento social de Santo Antônio (cf. REB 61 (2001) 741-743) nos orienta na compreensão deste expoente da religiosidade popular, discorrendo sobre seu papel na consolidação do movimento franciscano e sobre sua atuação, em sintonia com a Igreja e a sociedade de seu tempo.

A todos, desejamos proveitosa leitura e reflexão.

Elói Dionísio Piva, ofm

Redator

Publicado: 2002-04-30