v. 61 n. 241 (2001): Pluralismo e Teologia

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Uma das expressões utilizadas no último Concílio ecuménico da Igreja Católica e que teve perceptível ressonância foi “sinais dos tempos”. A percepçào subjacente é a de que Deus sinaliza sua presença a partir da história humana. A percepção de fenômenos meteo­rológicos ou sócio-culturais como sinais pode servir de analogia para a manifestação e a descoberta do kairós de Deus (cf. Mt 16,1-4). Portanto, para quem descobre o jeito de Deus, urge situar-se na evolução histórica. Daí que muitas pessoas identificam hoje Seus apelos na pluralidade do mundo, pluralidade que é gerada a partir da admirável criatividade huma­na e que é partilhada a partir da engenhosidade comunicativa desta mesma criatividade. Ora, isto nos remete, por um lado, ao momento sócio-cultural em que vivemos e, por outro, à eterna busca e ao eterno reconhecimento da Verdade, segredo de fecundidade apostólica.

Este fascículo da REB traz subsídios para esta caminhada:

Agenor Brighenti nos diz que a pluralidade sócio-religioso-cultural nos oferece a oportunidade de recolocar perguntas básicas e até óbvias, como: o que é teologia? Que sen­tido tem repensar a fé em Jesus Cristo? Que discernimento ela nos pode trazer para a missão evangelizadora num mundo plural? Como situar-nos diante do pluralismo cultural e religi­oso? Quando, onde e como pode acontecer o encontro entre o humano e o divino? Como a reflexão a partir e sobre a fé em Jesus Cristo ajudou as pessoas a reconhecer a vontade de Deus em outras situações históricas? Pois bem, é à base destas e de outras perguntas que Você é convidado/a a “viajar”.

Jorge Atilio Silva lulianelli tem a feliz intuição e arte de nos conduzir, através dos ver­sos do poeta recentemente falecido Mário Quintana, à surpreendente percepção da presen­ça divina no cotidiano da vida. Confira: o bom licor é doce!

Inserido na porção do Povo de Deus denominada Igreja particular ou diocesana, o pa­dre secular, caminhando na presença de Deus, em comunhão com a Igreja e seus pastores, tem a bela missão de criar comunhão com Deus e com Seu povo. Confira a palavra sábia, experiente e zelosa do Cardeal e pastor Dom Aloisio Lorscheider. Ele transita pela estrutu­ração da Igreja, mas não pára ali seu ponto de partida e de chegada.

Quantos não temos hoje, mais ou menos conscientemente, uma mentalidade empresa­rial, com acento na objetividade, no planejamento, na boa administração etc.? Mas o não-racional, o imprevisível, os valores como a solidariedade, a liberdade, a ternura, a gra­tuidade também não deixam de se constituir num permanente apelo a cada pessoa. Provi­dência Divina - o que é isto? Portanto, se tudo isto faz parte de nosso quadro sócio-cultural, como é possível acontecer frutuosa relação entres estes valores aparentemente díspares? Confira com Luiz Carlos Susin.

Por sua vez, Zildo Barbosa Rocha, no quadro de relações intra-eclesiais e inter-religio- sas, nos situa no evolutivo panorama da compreensão da revelação de Deus e no desafio da convivência plural, ecuménica. Tanto a beleza como o desafio de uma convivência ideal continuam a nos interpelar.

Luiz Gonzaga de Sena, prosseguindo na apresentação da JUC, nos relata a experiência feita acerca do modo cristão de viver em comunidade. Sempre uma luz também para nós.

Finalmente, Sinivaldo Silva Tavares nos apresenta, numa vigorosa síntese, um dos pontos altos da reflexão teológica cristã e da Escola Franciscana, através de Duns Escoto: Qual a compreensão conseguida acerca do mistério de Jesus Cristo e, portanto, que lugar Lhe foi reconhecido na história do mundo, na história da salvação, na antropologia cristã? Uma significativa contribuição no atual debate sobre a unicidade e universalidade de Jesus Cristo!

Elói Dionisio Piva, ofm

Redator
Publicado: 2001-03-31