v. 70 n. 278 (2010): Mobilidade humana e evangelização

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Mobilidade humana: eis a temática salientada neste fascículo. Quatro contribuições dão-lhe destaque, acendendo ou reacendendo a luz, ativando ou reativando a reflexão, acionando ou re-acionando o coração.

Trata-se de um cenário abrangente, que pode ser acessado e avaliado a partir de muitos pontos de vista. Sociologicamente, ele pode ser constatado por toda parte, na cidade e no campo, no Brasil e no mundo. Suas motivações podem ser analisadas ou experimentadas como ideológico-políticas, econômicas ou mesmo pertencentes à própria natureza humana. Consequentemente, a migração humana pode ser forçada ou movida por algum sonho mais ou menos consciente. Economicamente, ela remete à sofrida busca pela sobrevivência, movida pelo permanente sonho de segurança econômica, abundância, bem-estar, status e liberdade. Relacionado à migração, o enraizamento cultural busca o desenraizamento e vice-versa; a infindável costura da identidade aspira ao desatamento de seus nós e, paradoxalmente, busca reconstituição; a experiência da solidão e do abandono clama por acolhida e solidariedade; a experiência da dor e da alegria, do relativo e do permanente, do presente e do futuro, da morte e da vida, entre outros aspectos evocados pela mobilidade humana, faz intuir a magnitude de seus desafios e de suas potencialidades; faz intuir o humano. Para a Igreja católica e do ponto de vista religioso, ao recordar-lhe sua própria natureza peregrina, a mobilidade humana a impele à riqueza e beleza da solidariedade, porque lhe recorda a experiência com aquele que, sendo sua cabeça e coração, seu hoje e amanhã, por ela se fez anúncio e peregrino do Amor: Jesus Cristo. Confira a abrangência e a diversidade do atual quadro migratório, suas interpelações e potencialidades à teologia e à ação evangelizadora das comunidades eclesiais e de toda a Igreja com Roberto Marinucci, Carmem Lussi, Alfredo José Gonçalves e Caro Milva.

Rogério Luiz de Souza oferece oportunidade para um “passeio” pela utopia e pelo discurso eclesial a respeito das condições materiais dos povos no pós-Segunda Guerra Mundial. Neste passeio, ele assinala a autocrítica da Igreja em relação à próprias propostas. Comisso, surpreende o processo de um anúncio e, ao mesmo tempo, de um aprendizado ou de uma busca de sabedoria.

Sílvio José Benelli volta a focar a formação humano-teológica para o exercício do ministério sacerdotal oferecida nos moldes dos tradicionais seminários, tanto para o clero secular como para o regular. Amparado por diversos autores, o diagnóstico por ele apresentado aponta para a importância de se ter consciência dos condicionamentos desta instituição, não simplesmente para rejeitá-la, mas para buscar melhorias também no âmbito institucional.

Com certeza e em geral, a postura dos adultos em relação às crianças oferece razões para encanto e edificação, como também, infelizmente, para desencanto e desilusão. Sabemos que os católicos, como todas as pessoas, isolada ou enquanto membros de instituições, participam da grandeza e da pequenez do ser humano. Contudo, em razão da vocação acolhida, tem por missão buscar e testemunhar santidade. Neste contexto, Antônio Moser retoma o assunto da pedofilia e, com clareza, indica caminhos de realização e de conduta atinentes não somente aos católicos, mas também a toda pessoa, maximamente às que exercem funções de governo civil e/ou religioso.

Elói Dionísio Piva ofm

Redator

Publicado: 2010-02-26

Artigos

  • Mobilidade humana e evangelização. Contribuições a partir do contexto brasileiro

    Carmem Lussi
    276-305
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v70i278.1161
  • Migrantes: profetas da esperança

    Alfredo José Gonçalves
    306-330
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v70i278.1163
  • Caminhos da Igreja junto a migrantes e refugiados. Representações sociais e desafios pastorais

    Roberto Marinucci
    331-354
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v70i278.1165
  • Pastoral intercultural. Em prol dos jovens e dos migrantes

    Caro Milva
    355-377
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v70i278.1167
  • Ética católica e capitalismo. Desenvolvimento e bem-estar social após a Segunda Guerra Mundial

    Rogério Luiz de Souza
    378-399
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v70i278.1169
  • Formação nos seminários. Condicionamentos e problemas comuns

    Silvio José Benelli
    400-422
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v70i278.1171
  • Pedofilia: reflexões a partir de escândalos recentes

    Antônio Moser
    423-435
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v70i278.1173

Comunicados

  • Homilia: arte de ouvir e falar

    Elcio Alberton
    436-450
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v70i278.1175
  • Sobre o conceito “lugar teológico”

    Francisco de Aquino Júnior
    451-453
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v70i278.1177
  • Teresa de Ávila: política a partir (de) entranhas

    Nilton José dos Anjos
    454-466
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v70i278.1179
  • Volta à “grande disciplina” no Sacramento da Penitência?

    José Augusto da Silva
    467-472
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v70i278.1181
  • A teologia anti-idolátrica veterotestamentária no seriado Stargate

    José de Arimathéia Cordeiro Custódio
    473-479
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v70i278.1183
  • Carta Pastoral do Santo Padre Bento XVI aos Católicos na Irlanda

    Papa Bento XIV
    480-489
  • Nota de solidariedade ao Papa Bento XVI

    CNBB Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
    490-491

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