v. 74 n. 293 (2014): Tráfico humano

					Visualizar v. 74 n. 293 (2014): Tráfico humano

Apresentação

Uma das realidades mais dramáticas e paradoxais do mundo de hoje é a do tráfico humano. Para as vítimas, trata-se de um drama. Para a sociedade e, de modo particular, para as igrejas – e aqui se fala a partir da Igreja católica e para os católicos –, este fenômeno não poderia não suscitar inquietações, análises e busca de caminhos corretivos. Pois, está em jogo a dignidade do ser humano tanto do explorado, do explorador, como de todos quantos, de alguma forma, participam da gênese de condições que facilitam o tráfico. A Campanha da Fraternidade deste ano, promovida pela Igreja Católica no Brasil, chama a atenção para o fato e incita à sua superação. Os católicos são convocados, e todas as pessoas de boa vontade são convidadas a colaborar para que a pessoa humana se erga e/ou se mantenha em pé, anunciando as razões de sua dignidade, e superando a coisificação a que muitas pessoas são submetidas em função de interesses mesquinhos. Roberto Marinucci ajuda a iluminar este quadro, não só apresentando modalidades do tráfico humano, mas, sobretudo, trazendo o debate atual sobre o assunto, e apontando desafios a serem percebidos e atitudes a serem assumidas.

A dignidade humana também está presente nos debates e estudos de bioética. Maria Emília de Oliveira Schpallir Silva, Márcio Fabri dos Anjos e Franklin Leopoldo e Silva sintetizam o estado atual da reflexão em torno do início da vida humana e, portanto, a partir de quando se estabelece o imperativo ético de acolhê-la, cuidá-la, protegê-la.

Concluindo o estudo da compreensão de laicato nas conferências episcopais latino-americanas, Sávio Carlos Desan Scopinho focaliza vários recortes da Conferência de Aparecida, particularmente, seu Documento Conclusivo. Na retrospectiva histórico-doutrinal de desafios e limites, esperanças e utopias, em Aparecia, os bispos latino-americanos reforçam o reconhecimento da importância dos leigos como protagonistas na estrutura interna da Igreja e na relação com a sociedade.
Se, por um lado, se constata a vergonhosa realidade do tráfico humano, por outro, também se percebe a feliz emergência da consciência ética. Leo Pessini nos guia às origens históricas da bioética, ou seja, da ética em relação a todos as formas de vida. Indica-nos o filósofo, teólogo, pastor e educar alemão Fritz Jahr, que, na primeira metade do século XX propunha uma revisão do comportamento humano em relação aos animais e às plantas.

Por sua vez, Isidoro Mazzarolo, distinguindo religião e espiritualidade, indica caminhos e descaminhos das religiões quando estas se apresentam sem a raiz comum e integradora da espiritualidade. Religião sem espiritualidade é ideologia e esta se presta a jogos de dominação. Em contrapartida, religião articulada com sua fonte espiritual manifesta a beleza da diversidade e da liberdade.

Uma proposta para imaginar a juventude como realidade teológica: é do jovem Alex Gonçalves Pin. Ele faz uma aproximação entre três aspectos juvenis (personalização, amor e projeto), que ele acredita serem fundamentais para a compreensão da juventude, com a perspectiva antropo-teológica de Pierre Teilhard de Chardin. Confira!

O teólogo alemão Jürgen Moltmann tem sido um dos mais destacados pensadores no campo teológico da atualidade. Perguntamos-lhe o que pensa da possibilidade de um pensamento teológico aberto, convidativo e integrador, no contexto de tantas diversidades que nos são apresentados no mundo de hoje. Cláudio de Oliveira Ribeiro foi ver mais de perto e intermedia uma resposta.

Votos de fecundo olhar a partir da fé, auxiliado pelo científico!

Elói Dionísio Piva ofm

Redator

Publicado: 2014-10-19
  • Expediente

    2-4
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v74i293.539

Artigos

  • Da vendabilidade do ser humano. Alguns desafios da Campanha da Fraternidade 2014 sobre Tráfico Humano

    Roberto Marinucci
    7-32
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v74i293.543
  • Bioética e início da vida. Um estudo sobre tendências paradigmáticas

    Maria Emília de Oliveira Schpallir Silva, Márcio Fabri dos Anjos, Franklin Leopoldo e Silva
    33-49
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v74i293.545
  • No berço da bioética. Encontro de um Credo (V.R. Potter) com um Imperativo (F. Jahr) e um Princípio (H. Jonas)

    Leo Pessini
    50-77
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v74i293.547
  • O laicato na Conferência Episcopal Latino-Americana de Aparecida (2007)

    Sávio Carlos Desan Scopinho
    78-102
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v74i293.549
  • Religião e espiritualidade

    Isidoro Mazzarolo
    103-120
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v74i293.551
  • Pierre Teilhard de Chardin. Uma perspectiva teológica para a juventude

    Alex Gonçalves Pin
    121-141
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v74i293.553
  • Por uma teologia integradora. A teologia de Jürgen moltmann em foco

    Claudio de Oliveira Ribeiro
    142-159
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v74i293.555

Comunicados

  • Vinho com gotas de vinagre. Exortação apostólica “A alegria do Evangelho” do Papa Francisco – Um vade-mecum sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual

    Paulo Suess
    160-173
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v74i293.557
  • Uma teologia do engajamento sociopolítico a partir das Escolas de Formação Fé e Política

    Antonio Aparecido Alves
    174-187
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v74i293.559
  • Liberdade acadêmica e ética na universidade católica

    Urbano Zilles
    188-196
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v74i293.561
  • A Palavra se fez carne e a glória se fez beleza. Breve esboço sobre a estética teológica de Hans Urs von Balthasar

    Adriano Geraldo da Silva
    197-203
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v74i293.563

Necrologia

  • Necrologia

    204-210
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v74i293.565

Recensões

  • Recensões

    211-235
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v74i293.567

Notas Bibliográficas

  • Notas Bibliográficas

    236-242
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v74i293.569

Novidades Editoriais

  • Novidades Editoriais

    243-244
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v74i293.571

Pelas Revistas

  • Pelas Revistas

    245-256
    DOI: https://doi.org/10.29386/reb.v74i293.573