v. 47 n. 188 (1987): Leigos e Poder Decisório na Igreja

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A temática abordada no presente fascículo diz respeito à qualidade do relacionamento humano, especificamente ao que se instaura a partir da prática pastoral. Ao proclamar o Evangelho do Senhor o cristão sempre há de questionar a correlação que se estabelece entre exigências do Reino e a realidade histórica.

A participação dos leigos nas decisões da Igreja é o tema retomado por Antônio da Silva Pereira, agora à luz do CDC. Com rigor ressalta a estreita relação existente entre diversos níveis de participação, particularmente o das decisões, e a respectiva fundamentação que, por sua vez, decorre da eclesiologia que a acompanha.

Tereza Maria Cavalcanti discorre sobre a presença e atuação da mulher no VI encontro de CEBs. A partir desta manifestação frisa a específica e destacada contribuição da mulher na vida da Igreja, notadamente no âmbito da Igreja local. Gostaria que o papel da mulher fosse mais reconhecido e valorizado.

Luiz Carlos Susin, com o auxilio de E. Levinas, diagnostica em profundidade a divisão no Ocidente entre I e III mundos, indicando pistas para uma alternativa histórica. Constata a prevalência da “identidade” sobre a “alteridade”, fonte de desequilíbrios no relacionamento humano e cristão. É, pois, a conversão ao pobre, à viúva, ao índio, ao negro, ao desvalido, ao vencido, enfim a todo marginalizado, que oxigena e qualifica teologicamente o relacionamento entre as pessoas e entre os povos.

Em outras palavras, Leonardo Boff também denuncia, no processo histórico europeu-latino-americano, a instauração de relações de desigualdade, dependência, marginalização e dominação. Colhe, porém, a comum aspiração pura, na diversidade, repropor o empenho pela utopia da comunhão fraterna entre os homens dos dois blocos em causa, através de uma participação sempre mais equitativa nos bens produzidos pela civilização que construímos.

Continuamos e concluímos, agora sob outro título, o testemunho de François de l’Espinay. Numa atitude de simpatia para com as manifestações religiosas dos negros de Salvador da Bahia e de amizade para com estes, aponta estreitezas havidas por parte de cristãos e sugere novos caminhos de compreensão e comunhão.

Neste mesmo contexto gostaríamos ainda de destacar a contribuição de José Beluci Caporalini, discorrendo sobre a visão do Homem na cultura banto; as notícias referentes à teologia dos negros, fornecidas por Fermino Luiz dos Santos Neto, e o resultado do encontro de seminaristas, religiosas e religiosos negros, relatado por José Geraldo Rocha e David dos Santos.

Que o olhar de infinita bondade d’Aquele que em nossa história nos visita a todos proporcione um feliz Natal!

Frei Elói D. Piva

Redator

Publicado: 2021-11-01