v. 48 n. 191 (1988): Gustavo Gutiérrez: Teologia a partir da tribulação
Em julho passado Gustavo Gutiérrez completou 60 anos. A REB se associa a este evento, propondo à consideração de seus leitores o alcance de sua contribuição para a teologia latino-americana.
Em decorrência de sua fé e do consequente compromisso cristão para com seus irmãos Gustavo Gutiérrez capta os anseios da realidade sócio-eclesial latino-americana, contribuindo significativamente para criar uma nova maneira de pensar a Deus e de a Ele relacionar todas as coisas. Em atitude de constante contemplação conjugada à práxis pastoral Gustavo se familiariza com grandes temas da tradição teológica e os apresenta em chave latino-americana, onde a figura do pobre aparece como lugar teológico de encontro com Deus e desencadeadora de dinamismo cristão. É um pouco do que Leonardo Boff nos apresenta.
Frei Betto, discorrendo sobre aspectos da proveniência étnico-cultural e do estilo de vida de Gustavo, apresenta-nos o “homem” Gustavo.
Por seu turno, Luiz A. G. de Souza frisa a capacidade de Gustavo se comunicar e demonstra a evolução conteudística nesta sua comunicação: sempre mais comprometida com a reflexão crítica a partir e sobre a prática pastoral latino-americana, à luz da experiência religiosa pessoal e das condições sócio-religiosas do continente.
Em seguida, o espaço deste fascículo se abre a uma temática diversificada. — Para Maria Clara L. Bingemer, após 20 anos de Medellín, é tempo de balanço. Ela o faz, perguntando-se pela contribuição da mulher na elaboração teológica latino-americana. Diante do caminho percorrido e das perspectivas que se abrem exclama: “alegrai-vos!”.
Manoel J. de F. Castelo Branco conclui a trilogia sobre a negação do “ser” na AL, considerando as condições de vida de milhares de pessoas e constatando a negação de suas reais possibilidades de ser. Tenta delinear e apontar saídas que permitam assegurar condições mínimas de existência para elas.
Neste mesmo horizonte Márcia M. M. de Miranda recoloca desafios para se estabelecer uma coerente relação entre exigências batismais e inserção no contexto sócio-eclesial latino-americano.
Antônio Moser aborda questões de alto interesse pastoral ligadas à família. Aponta critérios éticos e orientativos para a pastoral familiar.
Finalmente, Paulo Suess trata um tema relacionado ao evento dos quase 500 anos da conquista do Continente Americano: evangelização. Que tipo de leitura se faz da atuação evangelizadora no passado e que perspectivas estão se abrindo para o hoje da Igreja na AL?
Frei Elói Dionísio Piva, OFM
Redator