v. 50 n. 200 (1990): Vocação eclesial do teólogo
Editorial
A REB completa 50 anos! Em suas páginas, um registro da vida eclesial deste país: de seu caminhar e de sua autoconsciência. O mérito e a homenagem: a todos os que contribuíram para este registro! Contribuição que foi e que é fruto da disponibilidade em partilhar as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem (GS, 1).
Neste número cinquentenário, uma reflexão inspirada pelo amor à Igreja. Um grupo de teólogos/as recolhem algumas considerações críticas a respeito da “Instrução sobre a vocação eclesial do teólogo”. Estas não são um grito de rebeldia. Querem valorizar ainda mais a virtude da obediência e a vocação eclesial do teólogo. Para isso, relevam que estas acontecem no campo da história, onde convivem o trigo e o joio. A intrínseca e conflitiva relação entre a mediação histórica, ambígua, e a referência fontal ao mistério do Deus-Amor constituem, pois, um desafio/possibilidade-de-graça para todos.
A CRB, através de sua equipe de reflexão teológica, apresenta uma valiosa colaboração para o aprimoramento das diretrizes que estão sendo elaboradas em função da missão da Igreja latino-americana neste momento e contexto de sua história e que serão avaliadas na IV Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano.
Maria Clara Bingemer aproxima solidariedade e conflito sociais. A solidariedade é bandeira da Doutrina Social da Igreja — 1991, ano centenário da “Rerum Novarum”; o estudo do conflito, uma contribuição da teologia da libertação. Porta-bandeiras e bandeiras são, neste caso, vasos comunicantes. Daí a propriedade da aproximação.
Uma data quase despercebida: os 500 anos do nascimento de Thomas Müntzer (1489-1989). Luís Henrique Dreher nos apresenta duas concepções básicas e interconexas do controvertido teólogo: a propósito do conceito de decadência da cristandade e de hermenêutica. Uma contribuição oportuna, esclarecedora e que faz justiça a Müntzer.
Ralph Delia Cava traça, sócio-politicamente, os principais contornos daquela que seria a estratégia geral da atuação do Vaticano. A partir destas coordenadas torna-se mais fácil situar medidas setoriais, como as referentes à Igreja do Brasil.
Frei Betto contesta certas críticas feitas a teólogos da libertação a partir das mudanças do Leste Europeu. Esclarece e frisa que a teologia da libertação, ao assumir a causa do pobre, não o faz por opção sistêmica, mas sim, a partir de categorias e hermenêutica bíblico-eclesiais.
Na “Palavra do Leitor”, Pedro A. Ribeiro de Oliveira troca pontos de vista com José Comblin acerca de algumas questões atinentes às CEBs, levantadas por este último na REB de junho/90.
Além disso, vale a pena conferir o sugestivo material da seção “Comunicações”, sobretudo, em torno: do recente sínodo dos bispos — com um balanço de Dom Valfredo Tepe —, dos 500 anos de evangelização latino-americana e da preparação das Diretrizes Gerais da Ação Pastoral da CNBB para o quadriênio 1991-1994.
Frei Elói Dionísio Piva
Redator