v. 53 n. 210 (1993): Cristianismo e culturas indígenas

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A IV Conferência do Episcopado Latino-americano expressou o desejo de uma evangelização inculturada e a incentivou. Um ideal, cuja aproximação certamente requer prévia identificação de eventuais desafios e um correspondente posicionamento frente aos mesmos. Nesta perspectiva, Francisco Taborda, partindo da experiência de missionários que atuam entre tribos indígenas no interior do Brasil, aponta e analisa alguns impasses e dilemas de ordem prática. Ao fazer isto, trabalha o conceito de “evangelização inculturada” e evoca uma nova maneira de se aproximar daqueles que, no próprio processo de evangelização, nem sempre são suficientemente respeitados.

As exigências de uma evangelização inculturada não se fazem sentir somente entre distintas culturas ou tradições. O dinamismo interno e próprio de cada uma destas também condiciona o ritmo de uma evangelização inculturada. Por exemplo, os efeitos da urbanização e dos modernos meios de comunicação social no contexto da sociedade latino-americana, marcada pelo subdesenvolvimento social, tem uma pertinência não transcurável para a encarnação do Evangelho. E mérito do prof. Cristián Parker Gumucio demonstrá-lo.

A rigor, nem Ari Pedro Oro e Francisco Cartaxo Rolim fogem das implicações religioso-culturais: o primeiro se debruça sobre as representações do dinheiro no pentecostalismo autônomo brasileiro - aspecto dos mais controvertidos; o segundo especifica a estreita relação entre pentecostalismo e política na história recente do Brasil e do Chile.

Leonard M. Martin, completando a exposição iniciada no fascículo anterior, destaca aspectos éticos nos códigos brasileiros de ética médica, especificamente na relação médico-paciente terminal. A importância e a atualidade de posturas éticas dispensam comentários.

O Mercosul se afirma. Intensifica a desejada integração regional da América do Sul. Porém, diante do fato, Inácio Neutzling se preocupa. Sonha com uma integração equilibrada, integral e humana. Por isso, busca critérios de caráter ético-teológico como forma de contribuir para que se estabeleça e se atinja uma meta mais pretensiosa.

Por fim, uma palavra a respeito do atraso dos três últimos fascículos desta revista. Ele foi consequência do esforço de modernização gráfica e de reorganização administrativa, ocorrido na Editora Vozes (cf., REB 52(1992) 787-788). A Redação agradece, pois, a paciente compreensão de seus leitores, ao mesmo tempo em que se escusa pelos transtornos causados. Passada esta fase, os fascículos retomam o calendário normal.

Frei Elói Dionísio Piva

Redator

Publicado: 2021-06-28

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