Devoção e diversão: a Festa da Penha (RJ) como uma romaria
DOI:
https://doi.org/10.29386/reb.v60i238.2186Palavras-chave:
Devoção.Resumo
Partindo de uma perspectiva antropológica - principalmente das análises desenvolvidas por Marcel Mauss -, o presente trabalho busca discutir algumas das características da Festa da Penha, a celebração da padroeira do santuário localizado no Rio de Janeiro, e que é comemorada há quase trezentos anos. O artigo analisa a dimensão de romaria da festa e de visita festiva à santa, na qual relações de reciprocidade que se estabelecem entre a santa e seus devotos são reativadas anualmente. A análise aqui desenvolvida, que não tem a pretensão de esgotar o tema, pode fornecer ele¬mentos para o estudo não só desta festa específica, mas também das demais festas de santo, celebradas no país.
Abstract: Starting off from the anthropological perspective - principally from the analyses developed by Mareei Mauss - the present work looks to discuss some of the characteristics of the Feast of Penha, the celebration of the patron saint of the sanctuary located in Rio de Janeiro, which has been commemorated foralmost three hundredyears. The article analyzes the scope of devotional pilgrimage of the feast day, offestive visit to the saint, in which reciprocai relationships between the saint and devotees are reactivated annuaUy. The analysis here developed, which has no pre- tension of finishing off this theme, may furnish elements for the study, not only of the specific feast day, but also of other such feast days of saints celebrated iti the country.
Downloads
Referências
AZZI, Riolando - 1977 - “Catolicismo Popular e autoridade eclesiástica na evolução histórica do Brasil”. Religião e Sociedade, 1 (1), p. 125-149, maio. —. 1978 - O catolicismo popular no Brasil. Aspectos históricos. Petrópolis, Vozes.
—. 1979 - “As Romarias no Brasil”. Revista de Cultura Vozes, 73 (4):279- 294, maio.
BARTHOLO, Maria Elisa Carvalho - 1991 - Seja feita a Tua vontade: um estudo sobre santidade e culto aos santos no catolicismo brasileiro. Rio de Janeiro, Instituto de Filosofia e Ciências Sociais/Universidade Federal do Rio de Janeiro, Tese (Mestrado em Sociologia).
BECKHÀUSER, Alberto, fr. - 1970 - “Os santuários, manifestações do mistério de Cristo”. Revista Eclesiástica Brasileira, 30 (118), 392-395, junho.
BEOZZO, José Oscar - 1977 - “Irmandades, Santuários, Capelinhas de Beira de Estrada”. Revista Eclesiástica Brasileira, 37 (148), p. 741-758, dezembro.
CABALLERO, Mara - 1979 - “A Penha está aí. Uma festa que não morre enquanto houver fé e batucada”. Jornal do Brasil, 10 de outubro, Caderno B, p. 9.
CRULS, Gastão - 1952 - Aparência do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, José Olímpio, 2 vols.
EADE, John & SALLNOW, Michael J. - 1991 - Contesting the Sacred. The Anthropology of Christian Pilgrimage. Londres, Routledge.
FERNANDES, Rubem César - 1982 - Os cavaleiros do Bom Jesus. Uma introdução às religiões populares. São Paulo, Brasiliense.
—. 1988 - “Aparecida: nossa rainha, senhora e mãe, saravá!” in: SACHS, Viola et al. Brasil & EUA: religião e identidade nacional. Rio de Janeiro, Graal, p. 85-111.
—. 1989 - O Peso da Cruz. Manhas, mazelas e triunfos de um sacerdote particular. Serrinha (m.s.).
FRIAS, Lena - 1977 - “Penha - culto e arraial numa festa carioca”. Jornal do Brasil [outubro], Caderno Turismo.
—. 1978 - “Dois séculos de festas na escadaria da Penha”. Jotiial do Brasil, 29 de setembro, caderno Serviço, s/p.
HERTZ, Robert - Le péché et Texpiation dans les sociétés primitives. Paris, Jean Michel Place, 1988 (“Les Cahiers de Gradhiva”, 6) - obra póstuma editada por Mareei Mauss.
HUBERT, Henri & MAUSS, Mareei - 1981 [1899] - “Ensaio sobre a Natureza e a Função Social do Sacrifício” in: MAUSS, Mareei. Ensaios de Sociologia. São Paulo, Perspectiva, p. 141-227.
LIRA, Mariza- 1951 -Migalhas Folklóricas. Rio de Janeiro, Gráfica Laemmert.
MAUSS, Marcel- 1985 - “Essai sur le don. Forme et raison de Péchange dans les sociétés archaíques”, in: IDEM. Sociologie et Anthropologie. Paris, PUF, p. 145-279.
MAUSS, Mareei & DURKHEIM, Émile -1981 - “Algumas fornias primitivas de classificação. Contribuição para o estudo das representações coletivas”, in: MAUSS, M. Ensaios de Sociologia. São Paulo, Perspectiva, p. 399-455.
MEGALE, Nilza Botelho - 1998 — Invocações da Virgem Maria no Brasil. Petrópolis, Vozes, 4a ed.
MELLO MORAES FILHO, Alexandre José de — 1967 — Festas e Tradições Populares do Brasil. Rio de Janeiro, Tecnoprint, 248 p. “Ediouro” [ Ia ed.: 1946].
MENEZES, Renata de Castro - 1996 - Devoção, diversão e poder. Um estudo antropológico da festa da Penha. Rio de Janeiro, Programa de Pós-Gra- duação em Antropologia Social/Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro, ms. (dissertação de mestrado).
MOURA, Roberto - 1983 - Tia Ciata e a pequena África do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Funarte.
OLIVEIRA, Pedro A. Ribeiro de - 1983 - “Expressões religiosas populares e liturgia”. Revista Eclesiástica Brasileira, 43 (172), p. 909-948, dezembro.
PARRY, Jonathan - “The gift, the Indian gift and the Tndian Gift” Man (N.S.), 21:453-473.
PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO - SECRETARIA MU-NICIPAL DE CULTURA - DEPARTAMENTO GERAL DE PATRIMÓ-NIO - 1988 - Processo n° 12/1911/88 - Tombamento da Igreja da Penha, quanto à fachada e volumetria. Rio de Janeiro, Prefeitura.
REIS, João José - 1991 - A morte é uma festa. Ritos fúnebres e revolta popular no Brasil do século XIX. São Paulo, Companhia das Letras.
SAHLINS, Marshall - 1965 - “On the sociology of the Primitive exchange”, in: BANTON, M. The relevance of moclels for Social Anthropology. Londres, Tavistock, p. 139-236.
S ANCHIS, Pierre -1979 - “Festa e Religião Popular: as romarias de Portugal”. Revista de Cultura Vozes, 73 (4), p. 245-258, maio.
—. 1983a -Arraial:festa de um povo. AÍ romarias portuguesas. Lisboa, D. Quixote.
—. 1983b - “A caminhada ritual”. Religião e Sociedade (9), p. 15-26, junho.
—. 1986 - “Uma ‘identidade católica’?” Comunicações do ISER (22), p. 5-16, novembro.
SOHIET, Rachel - 1990 - “Um Ensaio sobre resistência e circularidade cultural: a Festa da Penha (1890-1920)”. Cadernos do ICHF (31), Niterói, UFF/ICHF.
SOUZA, Marina de Mello e - 1992 - Passado presente: cotidiano e festas religiosas em Parati. Rio de Janeiro, PUC, dissertação (Mestrado em História Social).
VELLOSO, Mônica Pimenta - 1988 -As tradições populares na belle époque carioca, Rio de Janeiro, Funarte.
—. 1990 - “As tias baianas tomam conta do pedaço”. Estudos Históricos, 3 (6), p. 207-228.
VENERÁVEL IRMANDADE DE NOSSA SENHORA DA PENHA DE FRANÇA - 1921 - Relatório da Administração que ser>iu nos annos de 1918-1920. Rio de Janeiro, Papelaria Ribeiro.
—. 1985 - “Santuário Mariano de Nossa Senhora da Penha. 350 anos de devoção”. Folheto, 4 p.
—. 1990 - Festa da Penha. Cara nova sem perder a tradição. Programa da festa, 8 p.
—. 1992 - Programa da Festa.
—. 1993 - Programa da Festa.
—. 1994 - Programa da Festa.
WOLFF, Fausto - 1990 - Rio de Janeiro: um retrato (a cidade contada pelos seus habitantes). Os anos 80. Rio de Janeiro, Fundação Rio.
Entrevistas citadas
Álvaro* - 13/11 e 02/12/1993 - Padre da paróquia do Bom Jesus, onde as entrevistas foram realizadas.
Amadeu - 25/10/1992 - Português, dançarino do rancho folclórico.
Antônio - 25/10/1992 - Português, dono do rancho folclórico, vem à festa desde 1963, nas tardes de todos os domingos, para dançai- com seu grupo.
Clóvis* - 21/10/1993 - presidente da Associação de Moradores da Vila Cruzeiro. Entrevista realizada após reunião interassociações, na paróquia do Bom Jesus.
Hugo* - 22/10/1992 - membro da Irmandade, ex-diretor do culto; ex-irmão definidor; médico da Irmandade e do Colégio. Entrevista realizada na sua casa.
Laura* - 25/10/1992. Devota portuguesa, cujos filhos e netos dançam no rancho folclórico.
Lucas* - 02/10, 16/10 e 21/10 de 1993, além de várias conversas telefónicas. Membro fundador da AM AP - e assessor do deputado Fernando William. Entrevistas realizadas na paróquia do Bom Jesus, local de reunião da AMAP.
Marcelo Dias - 30/03/1995 - deputado estadual (PT), foi nascido e criado na favela de Vila Cruzeiro; e tem na Penha uma grande parte de seu eleitorado. Entrevistado em seu gabinete na ALERJ.
Paula* - 03/10/1993. Devota portuguesa, vem à festa desde menina. Parente de músicos da Banda Portugal e da Orquestra Sinfónica Brasileira, que se apresentaram na festa naquele ano.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Revista Eclesiástica Brasileira
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os autores cedem os direitos autorais; como gratificação, a REB oferece dois exemplares ao Autor de um artigo.
A REB adere à licença não comercial (Creative Commons). Portanto, é permitida cópia, distribuição e exibição dos textos, respeitados os direitos autorais e citada a fonte de sua proveniência.
