Caritas in Veritate: Uma bússola para o século XXI
DOI:
https://doi.org/10.29386/reb.v70i280.1095Palavras-chave:
Encíclica, Caritas in Veritate.Resumo
A Encíclica Caridade na verdade é complexa e articulada. O texto se desenvolve, por um lado, segundo o método dedutivo, típico das primeiras encíclicas sociais, ou seja, a partir de princípios, dos quais se derivam progressivamente as conclusões. Mas, por outro lado, segue o método indutivo – tão claramente usado por João XXIII na Mater et magistra, própria do ver, julgar e agir. A ênfase de Bento XVI no documento em análise é que “sem a verdade, a caridade resvala para o sentimentalismo. O amor torna-se uma concha vazia, a ser preenchida arbitrariamente e se transforma em uma cultura sem a verdade” (n. 3), reduzindo o amor a um âmbito privado e restrito. Consequentemente, se não existe a verdade em relação ao que é bom/mau para o homem, a busca e o esforço para edificar uma vida associada só pode transformar-se e continuar a ser um desencontro, para impor os próprios interesses individualistas. Pois, “sem verdade, sem confiança e amor em prol do verdadeiro, não há consciência e responsabilidade social e cai-se sob o poder dos interesses privados e da lógica do poder. Ocorrem então os efeitos desagregadores sobre a sociedade, e tanto mais, em uma sociedade desafiada a conviver com a pluralidade cultural e em momentos difíceis e complexos, como os atuais, em crescente processo de globalização” (n. 5). A Encíclica enfatiza a valorização das atividades e organizações caracterizadas pela cooperação, a economia solidária e as variadas atividades do terceiro setor. Não se endereça apenas aos católicos, mas a todos os cristãos e às pessoas de boa vontade, apelando às diversas religiões para que contribuam no esforço comum de criar processos de sinergia em prol de um mundo e de uma sociedade melhores.
Abstract: The encyclical Charity in truth is complex and formulated in articles. On the one hand the text is developed according to a deductive method that was typical of the early social encyclicals, that is, it starts with principles from which the conclusions are gradually derived. But, on the other hand, it also follows the inductive method – so clearly used by Pope John XXIII in the Mater et magistra a characteristic of the seeing, judging and acting. What Bento XVI emphasizes on the document under analysis is that “without the truth, charity slides into sentimentality. Love becomes an empty shell to be arbitrarily filled and becomes a culture without the truth” (n. 3) reducing love to a private and restricted ambit. Consequently, if there is no truth with regard to what is good/bad for man, the search and the effort to build an associate life can only change but continues to be in discordance in order to impose its own individualist interests. For, “without truth, and without trust and love in favour of the truthful, there is no consciousness and social responsibility and we fall under the power of private interests and of the logic of power. Then its disaggregating effects fall onto society and more so if it is a society facing the challenge of coexisting with cultural plurality and going through difficult and complex moments, such as the present ones, in a growing process of globalization” (n. 5). The encyclical emphasizes the valorization of the activities and organizations characterized by cooperation, by a friendly economy and the various activities of the third sector. It is not only addressed to Catholics, but to all Christians and people of good will, calling on the various religions to contribute in a common effort to create processes of synergy in benefit of a better world and a better society.
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