v. 61 n. 244 (2001): Unidade cristã no Brasil

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Encerrados os rituais que sinalizavam o início de um novo milênio da era cristã, rituais abundantemente regados com a esperança e o desejo dos mais belos sonhos em relação ao futuro, reconquistam seu habitual espaço os mais variados paradoxos da vida humana. Assim, o luminoso e o trágico voltam a se confundir e a se alternar. Aos desejos e votos de vida e paz, juntaram-se, de maneira dramática, o pecado e a morte. O Justo e o Santo parecem ser espécimes raros. Causas da injustiça e da morte são realimentadas: ambições, prepotências, preconceitos, cegueiras fazem parte do complexo vitaminoso que as fortalece.A paixão do Filho de Deus é reeditada nas inúmeras formas de injustiça, sofrimento e morte. É a ausência e a negação de amor.

Porém, seguidores d’Aquele que, por sua morte e ressurreição, nos reconciliou com Deus, somos vocacionados a reeditar continuamente a Boa-Nova da Vida, do Amor, da Justiça e da Paz. Profetas da não-violência. Elaboradores ou reelaboradores do mais belo sonho humano e divino: a comunhão com Deus – Dom e fruto dos bem-aventurados.

Se, com pesar, nos damos conta de que criamos exclusões no próprio universo cristão, com grata satisfação geramos caminhos de comunhão. Acompanhamos a evolução e a definição destes caminhos no Brasil com Elias Wolff, na esperança de que também se direcionem  para além das fronteiras da identidade cristã!

A celebração eucarística, memória atualizante da morte e ressurreição do Senhor, colocando-nos nos caminhos da experiência santamente solidária e amorosa de Deus, só pode nos fortalecer na construção (topia) da utopia do Reino de Deus. Apreciamos a centralidade deste mistério para o sentido do ser humano com Maria Clara Lucchetti Bingemer.

Somos chamados a dar as razões de nossa fé e a levar o fermento do Evangelho na policêntrica, conflitiva e dinâmica realidade urbana. De que modo, porém, e com quais acentos?  Podemos conferir esta busca de modelos eclesiais com Pedro Carlos Cipolini.

Enfim, neste fascículo, através da sabedoria humana e cristã, explicitada por Paulo Suess, somos convocados a levantar a cabeça, percebendo e analisando os contraditórios sinais de nossa cultura, adaptando e revigorando as razões da esperança cristã e humana – na expressão guarani – de uma “Terra sem Mal”: Uma utopia que não só pode, mas deve – em virtude de imperativos humanos e religiosos – tornar-se sinal histórico do Futuro de Deus.

Nosso tempo é propício à reflexão, porque forte é o apelo para a corresponsabilidade na construção do bem.

 

Elói Dionísio Piva, ofm

Redator

Publicado: 2001-12-31